Morreu Ariano Vilar Suassuna, aos
87 anos, na cidade de Recife/PE, em decorrência de complicações após um AVC. A
Caetana (como ele chamava a morte) o encontrou às 18:15 h desta quarta-feira,
23 de julho de 2014.
Considerado um dos maiores nomes
da cultura nordestina, Ariano nasceu na cidade de João Pessoa (na época chamada
de Nossa Senhora das Neves), no Estado da Paraíba, em 16 de junho de 1927. Aos
3 anos, seu pai (João Urbano – ex Presidente da Paraíba – cargo equivalente ao
de Governador nos dias atuais) foi assassinado por questões políticas, mudando-se
com a família para a cidade de Taperoá, no interior do estado. Em 1947,
transferiu-se para o Recife/PE, para concluir seus estudos, vindo a formar-se
em direito, profissão que exerceu por apenas 4 anos, abraçando de vez sua
vocação de escritor.
Casado com Zélia desde 1957, pai
de seis filhos, foi um ícone da cultura nordestina, tendo escrito inúmeros
livros. Suas obras mais conhecidas foram o Auto da Compadecida, adaptada para o
cinema e televisão, e a Pedra do Reino, adaptada para a televisão.
Fundou nos anos 70, o Movimento
Armorial, com o objetivo de criar uma arte brasileira erudita a partir de
raízes populares, através da música, dança, literatura, teatro e arquitetura.
Foi eleito para a Academia
Brasileira de Letras em 1989, ocupando a cadeira de número 32. Em 1993, é
eleito para ocupar a cadeira de número 8 da Academia Pernambucana de Letras.
Também era membro da Academia Paraibana de Letras, ocupando a cadeira de número
35. Ocupou a Secretaria Estadual de Cultura, no governo Miguel Arraes, de 1995
a 1998, e foi professor de estética da Universidade Federal de Pernambuco
durante 38 anos.
Era rubro-negro de coração –
torcedor do Sport Clube do Recife - de freqüentar o estádio para assistir aos
jogos e era considerado “pé quente” pela torcida. Costumava usar blazer e
calças pretas com camisa de linho vermelha, segundo ele, no melhor estilo
“Sport Fino”, e não esporte fino.
Suas aulas-espetáculo eram
simplesmente fantásticas, com muito humor e irreverência contava histórias em
defesa da cultura popular junto com suas próprias histórias pessoais.
Tive a felicidade de ser vizinha,
durante minha infância e adolescência, da mãe e duas irmãs de Ariano -
carinhosamente chamadas de Vovó Ritinha, Mana e Mema. Pessoas doces, meigas e
maravilhosas. Vovó Ritinha nunca reclamava quando a bola caía no seu quintal,
pelo contrário, o portão ficava sempre aberto para que pudéssemos entrar sem
nem avisar. Ariano adorava contar histórias, falava por horas, e tinha uma
risada fácil e rouca. Tenho lembranças lindas de toda a família.
Tem uma frase que ele gostava de
dizer: “A vida é um espetáculo belíssimo”, e a vida de Ariano Suassuna foi
assim mesmo: um espetáculo belíssimo.
Nada mais justo que homenageá-lo
neste momento de perda e dor.
Vá em paz....
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