sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Almoçando no Sanctuary Lodge em Machu Picchu

Dentro do parque, onde estão localizadas as ruínas de Machu Picchu, existe apenas um hotel – tipo resort de luxo: o Sanctuary Lodge, que tem um restaurante aberto ao público. O hotel fica logo na entrada do parque, ao lado direito. Dizem que a vista é maravilhosa (não entrei no hotel, apenas no restaurante). O restaurante possui janelões de vidro com vista para a entrada do parque, ou seja, de frente para o ponto de ônibus e catraca de entrada, não sendo possível ver as ruínas propriamente ditas.

O local é grande, confortável e com bom ar condicionado. O serviço é tipo self service, com ampla mesa de frios, saladas, carnes, acompanhamentos, sobremesas e bebidas (suco, refrigerante e água) incluso no valor fixo (+/- 50 doláres). Se quiser outras bebidas, tem que pedir ao garçom e pagar por fora. Prepare o bolso, pois é muito caro.


olhadinha básica no cardápio.......precinhos "salgados".

Almocei com calma, descansando enquanto observava o vai-e-vem das pessoas que estavam chegando e indo embora do parque. Depois dei uma refrescada no visual (escovar os dentes, lavar o rosto e trocar a blusa) e fui pegar o ônibus para descer a Águas Calientes, pois estava perto do horário do meu trem de volta.



Resumindo, a comida não é nada de extraordinário, apesar da variedade, mas achei super prático, pois quando voltei para Águas Calientes, deu tempo de dar uma voltinha pela cidade antes de pegar o trem para Cusco, ao invés de ficar procurando um restaurante para almoçar.

Cheiros.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Machu Picchu

Para visitar a cidade de Machu Picchu, contratei um guia, que me encontrou no hotel às 5 h da manhã para chegarmos cedo e, quem sabe, ver o sol nascer nas ruínas (um sonho antigo). Porém todo mundo teve a mesma ideia e quando chegamos no ponto do microônibus, tinha uma fila enorme, e só conseguimos chegar no topo da montanha às 7 h, ou seja, o sol já tinha nascido e estava andando (kkk ....ou melhor, snif, snif). Mas tudo bem, estava em Machu Picchu e o sonho antigo estava se realizando.
Olha a fila - aqui já está pertinho do ponto de embarque

O valor da passagem do microônibus – para subir e descer – custa 19 dólares e o percurso dura uns 20 minutos. O caminho vai subindo a montanha, em voltas e mais voltas, dentro da vegetação (não chega a ser uma floresta, mas uma vegetação bem fechada) e vamos tendo uma visão muito bonita do vale e do Rio Urubamba. Tem também um caminho, tipo trilha, com muitos e muitos degraus que também leva ao topo da montanha, onde os “fortes e corajosos” levam em média 2 horas para percorrê-lo.

Chegando na entrada de Machu Picchu tem área de banheiros e guarda-volumes (pagos), além de lanchonetes e um hotel luxuoso – o Sanctuary Logde (conto aqui como foi almoçar nele). Dentro do parque não tem banheiros nem lanchonetes, mas você pode entrar e sair quantas vezes quiser, basta apresentar o ingresso e passaporte. 
Entrada do Parque

Banheiros e Guarda Volumes (ao lado da entrada)
Para ter acesso ao parque, além de apresentar o ingresso, tem que mostrar também o passaporte, e já que está com ele na mão, melhor aproveitar para carimbá-lo – numa mesinha do lado esquerdo, após a catraca de entrada. É uma recordação legal, e você mesmo pode pegar o carimbo e carimbar a folha do passaporte. Olha o meu aqui.....gracinha, né?


Andamos uns metros numa passarela até que, depois de uma curva, Machu Picchu surge. Vi gente chorando de emoção....não sei se é para tanto, mas o local é muito impressionante mesmo.


"Machu Pikchu", em quíchua, significa "montanha velha", também conhecida como cidade perdida dos Incas, foi construída por Pachacuteq, no século XV, no Vale do Rio Urubamba, a 2400 m de altitude, distante cerca de 130 km de Cusco, e nunca foi descoberta pelos espanhóis, apenas sendo apresentada ao mundo, em 1911, pelo norte-americano Hiran Binghan, explorador e professora da Universidade de Yale, que comandava uma expedição com o objetivo de descobrir a lendária cidade de Vilcabamba, que serviu de base à resistência Inca à dominação espanhola.

Ao chegar ao local da cidade, Hiran Binghan constatou a existência de imponentes construções arqueológicas cobertas pela vegetação tropical e, em evidente estado de abandono há muitos séculos. Enquanto inspecionava as ruínas, Binghan, assombrado, anotou em seu diário:

"Would anyone believe what I have found?"
(Alguém acreditará no que eu encontrei?)

Há diversas teorias sobre a função de Machu Picchu, sendo a mais aceita de que era uma área de controle da economia das regiões conquistada e servia como refúgio do soberano Inca, no caso de ataque. Como não há muralhas de proteção, ao redor da cidade, foi descartada a possibilidade de ser uma fortaleza.

Passei três horas com o guia – subindo e descendo degraus – mostrando os principais pontos, suas histórias e curiosidades. A área é claramente dividida em duas grandes zonas: a agrícola e a urbana. A zona agrícola possui dois conjuntos de terraços para cultivo, aproveitando o declive da montanha, e depósitos para armazenar grãos. A zona urbana possui locais para residências, atividades civis e religiosas.

O grande segredo construtivo de Machu Picchu – inclusive em ter se mantido bem conservado durante um longo período de abandono – é o seu sistema de drenagem, onde a água não acumula. A cidade foi construída numa pequena faixa de terra, entre duas montanhas, numa área de terremotos e chuvas constantes o ano todo, sendo o principal desafio do “engenheiro” Inca que a cidade não desmoronasse montanha abaixo. E foram bem sucedidos, pois mesmo após 400 anos de total abandono, parte do complexo permanecia em “em pé”.
Canaletas de drenagem no setor agrícola
Merecem destaque:

Zona Agrícola – terraços em formato de escadarias, nas laterais da montanha, com muro de pedras e preenchido com várias camadas de pedras e terra (técnica de drenagem utilizada pelos Incas que evitava que a água acumulasse no solo e desmoronasse a estrutura). Na parte mais baixa da cidade, também existiam terraços menores, porém com finalidade de contenção (funcionavam como muros de contenção) e não de agricultura.
Zona Agrícola Leste

Zona Agrícola Leste
Zona Agrícola Oeste
Templo do Sol – construção circular usada para cerimônias relacionadas com o solistício de verão, construído sobre uma grande rocha, com paredes de blocos finamente acabados. Abaixo deste templo, existe uma cova - supostamente o mausoléu de grandes líderes Incas.

Suposto mausoleu de grandes Incas (embaixo do Templo do Sol)
Fontes de Água – conjunto de canaletas, em diferentes direções, que distribuíam água de um manancial oriundo dos lençóis freáticos de dentro da montanha para abastecer toda a cidade.
 






Templo do Condor – o Condor era considerado um animal sagrado pelos Incas, pois tinha a função de conduzir os mortos ao céu e fazer a conexão entre deuses e mortais. A pedra no chão representa o corpo e as paredes laterais representam as asas do Condor.

Zona Sagrada – formada por um pátio onde ficam o Templo das Três Ventanas (Templo das Três Janelas), onde cada janela representa um nível do mundo, segundo os Incas: o céu (vida espiritual), a terra (vida mundana) e o subterrâneo (vida interior) e o Templo Principal, principal recinto de cerimônias do local.
Templo das Tres Ventanas
Templo Principal
Intihuatana (em quíchua “onde se amarra o sol”) – pedra com a função de determinar o calendário de estações do ano, relacionando acontecimentos astronômicos e as montanhas ao redor, em função da posição do sol. Está situado no local mais alto da cidade e muitos turistas colocam a mão sobre a pedra (não pode tocar) para sentir a energia que supostamente emana dela.
Intihuatana

Grupo das Três Portadas (Grupo das Três Portas) – grande área com três portas idênticas viradas para a praça central da cidade. Não lembro a explicação da sua utilização e significado.
Grupo das Tres Portadas ao fundo com a Plaza Principal no primeiro plano
Plaza Principal

Lhamas na Plaza Principal
Rocha Sagrada – rocha com 3 metros de altura e 7 metros de base, com mesmo formato das montanhas ao fundo, provavelmente utilizada em cerimônias e rituais.


Depois que o guia foi embora, aproveitei para passear aleatoriamente pelo sítio, sentei numa área com sombra para descansar e apreciar a paisagem, além de observar os outros turistas: gente do mundo todo.




Perto da hora do almoço, como tinha reserva no restaurante do Sanctuary Lodge Hotel, e já tinha andado o suficiente entre as ruínas, me despedi de Machu Picchu.

Alguns detalhes interessantes das construções Incas que me chamaram a atenção e que são bastante visíveis em Machu Picchu, pela preservação das construções foram:

o   As construções tinham funções/explicações/relações religiosas e também eram feitas para suportar as condições geográficas e climáticas da região (chuvas, inclinações das montanhas, terremotos, etc):

o   Havia uma preocupação com o alinhamento de algumas edificações importantes com os raios solares e o topo das montanhas ao redor.



o   Sistema de drenagem altamente eficiente, visto que a região tem muitas montanhas, terremotos e chuvas o ano todo, consistindo em capas de pedras trituradas e rochas, evitando o empoçamento da água das chuvas, e canais de drenagem, evitando a erosão do terreno.

o   A maioria das edificações era retangular, com uma a oito portas, e quase sempre no maior lado do retângulo. As janelas, portas e nichos (falsas janelas) tinham formato trapezoidal, com a parte mais larga na base. As portas de ambientes mais importantes eram duplas.


o   As construções chamadas “huayranas” possuíam apenas três paredes, existindo no lugar da quarta parede apenas uma viga para suportar o telhado, feito com troncos e camadas de palha.

o   A maioria das construções seguia o padrão chamado “kanchas”, com quatro construções retangulares ao redor de um pátio central.


o   Os muros podiam ser de dois tipos: de pedra simples unida com barro e outros materiais (maioria dos muros em Machu Picchu) ou de blocos de granito sem brilho e talhados em formato de paralelepípedo ou poligonal (podendo a parte externa ser perfeitamente lisa ou com aspecto almofadado) unidos por fina camada de material, praticamente imperceptível.

Detalhe muro de blocos em formato de paralelepípedo

Detalhe muro de pedras simples
Aqui é possível ver os dois tipos de muro na mesma rua

Vale destacar que a área é monitorada por seguranças que ficam circulando pelo parque para evitar vandalismo e também por orientadores que ficam em locais estratégicos para indicar o sentido do caminho e evitar que os turistas circulem em áreas proibidas (que estão sendo restauradas, por exemplo).

Segurança circulando pelo parque


Funcionário trabalhando na restauração de um muro
Orientadores em locais estratégicos do parque


Espero que meus comentários sejam úteis.
Cheiros.