Para
visitar a cidade de Machu Picchu, contratei um guia, que me encontrou no hotel
às 5 h da manhã para chegarmos cedo e, quem sabe, ver o sol nascer nas ruínas
(um sonho antigo). Porém todo mundo teve a mesma ideia e quando chegamos no
ponto do microônibus, tinha uma fila enorme, e só conseguimos chegar no topo da
montanha às 7 h, ou seja, o sol já tinha nascido e estava andando (kkk ....ou
melhor, snif, snif). Mas tudo bem, estava em Machu Picchu e o sonho antigo
estava se realizando.
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Olha a fila - aqui já está pertinho do ponto de embarque |
O
valor da passagem do microônibus – para subir e descer – custa 19 dólares e o
percurso dura uns 20 minutos. O caminho vai subindo a montanha, em voltas e
mais voltas, dentro da vegetação (não chega a ser uma floresta, mas uma
vegetação bem fechada) e vamos tendo uma visão muito bonita do vale e do Rio
Urubamba. Tem também um caminho, tipo trilha, com muitos e muitos degraus que também
leva ao topo da montanha, onde os “fortes e corajosos” levam em média 2 horas
para percorrê-lo.
Chegando
na entrada de Machu Picchu tem área de banheiros e guarda-volumes (pagos), além
de lanchonetes e um hotel luxuoso – o Sanctuary Logde (conto aqui como foi almoçar nele). Dentro do parque não tem banheiros nem
lanchonetes, mas você pode entrar e sair quantas vezes quiser, basta apresentar
o ingresso e passaporte.
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Entrada do Parque |
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Banheiros e Guarda Volumes (ao lado da entrada) |
Para ter acesso ao parque, além de apresentar o
ingresso, tem que mostrar também o passaporte, e já que está com ele na mão,
melhor aproveitar para carimbá-lo – numa mesinha do lado esquerdo, após a
catraca de entrada. É uma recordação legal, e você mesmo pode pegar o carimbo e
carimbar a folha do passaporte. Olha o meu aqui.....gracinha, né?
Andamos
uns metros numa passarela até que, depois de uma curva, Machu Picchu surge. Vi
gente chorando de emoção....não sei se é para tanto, mas o local é muito
impressionante mesmo.
"Machu Pikchu", em quíchua, significa "montanha velha", também conhecida como cidade perdida dos Incas, foi construída por Pachacuteq, no século XV, no Vale do Rio Urubamba, a 2400 m de altitude, distante cerca de 130 km de Cusco, e nunca foi descoberta pelos espanhóis, apenas sendo apresentada ao mundo, em 1911, pelo norte-americano Hiran Binghan, explorador e professora da Universidade de Yale, que comandava uma expedição com o objetivo de descobrir a lendária cidade de Vilcabamba, que serviu de base à resistência Inca à dominação espanhola.
Ao chegar ao local da cidade, Hiran Binghan constatou a existência de imponentes construções arqueológicas cobertas pela vegetação tropical e, em evidente estado de abandono há muitos séculos. Enquanto inspecionava as ruínas, Binghan, assombrado, anotou em seu diário:
"Would anyone believe what I have found?"
(Alguém acreditará no que eu encontrei?)
Há diversas teorias sobre a função de Machu Picchu, sendo a mais aceita de que era uma área de controle da economia das regiões conquistada e servia como refúgio do soberano Inca, no caso de ataque. Como não há muralhas de proteção, ao redor da cidade, foi descartada a possibilidade de ser uma fortaleza.
Passei
três horas com o guia – subindo e descendo degraus – mostrando os principais
pontos, suas histórias e curiosidades. A área é claramente dividida em duas
grandes zonas: a agrícola e a urbana. A zona agrícola possui dois conjuntos de
terraços para cultivo, aproveitando o declive da montanha, e depósitos para
armazenar grãos. A zona urbana possui locais para residências, atividades civis
e religiosas.
O
grande segredo construtivo de Machu Picchu – inclusive em ter se mantido bem
conservado durante um longo período de abandono – é o seu sistema de drenagem,
onde a água não acumula. A cidade foi construída numa pequena faixa de terra,
entre duas montanhas, numa área de terremotos e chuvas constantes o ano todo,
sendo o principal desafio do “engenheiro” Inca que a cidade não desmoronasse
montanha abaixo. E foram bem sucedidos, pois mesmo após 400 anos de total
abandono, parte do complexo permanecia em “em pé”.
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Canaletas de drenagem no setor agrícola |
Merecem
destaque:
Zona
Agrícola
– terraços em formato de escadarias, nas laterais da montanha, com muro de
pedras e preenchido com várias camadas de pedras e terra (técnica de drenagem
utilizada pelos Incas que evitava que a água acumulasse no solo e desmoronasse
a estrutura). Na parte mais baixa da cidade, também existiam terraços menores,
porém com finalidade de contenção (funcionavam como muros de contenção) e não
de agricultura.
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Zona Agrícola Leste |
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Zona Agrícola Leste |
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Zona Agrícola Oeste |
Templo
do Sol
– construção circular usada para cerimônias relacionadas com o solistício de
verão, construído sobre uma grande rocha, com paredes de blocos finamente
acabados. Abaixo deste templo, existe uma cova - supostamente o mausoléu de grandes
líderes Incas.
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Suposto mausoleu de grandes Incas (embaixo do Templo do Sol) |
Fontes
de Água
– conjunto de canaletas, em diferentes direções, que distribuíam água de um
manancial oriundo dos lençóis freáticos de dentro da montanha para abastecer toda
a cidade.
Templo
do Condor
– o Condor era considerado um animal sagrado pelos Incas, pois tinha a função
de conduzir os mortos ao céu e fazer a conexão entre deuses e mortais. A pedra
no chão representa o corpo e as paredes laterais representam as asas do Condor.
Zona
Sagrada
– formada por um pátio onde ficam o Templo
das Três Ventanas (Templo das Três Janelas), onde cada janela representa um
nível do mundo, segundo os Incas: o céu (vida espiritual), a terra (vida
mundana) e o subterrâneo (vida interior) e o Templo Principal, principal recinto de cerimônias do local.
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Templo das Tres Ventanas |
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Templo Principal |
Intihuatana (em quíchua “onde se
amarra o sol”) – pedra com a função de determinar o calendário de estações do
ano, relacionando acontecimentos astronômicos e as montanhas ao redor, em
função da posição do sol. Está situado no local mais alto da cidade e muitos
turistas colocam a mão sobre a pedra (não pode tocar) para sentir a energia que
supostamente emana dela.
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Intihuatana |
Grupo das Três
Portadas
(Grupo das Três Portas) – grande área com três portas idênticas viradas para a praça
central da cidade. Não lembro a explicação da sua utilização e significado.
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Grupo das Tres Portadas ao fundo com a Plaza Principal no primeiro plano |
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Plaza Principal |
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Lhamas na Plaza Principal |
Rocha Sagrada – rocha com 3 metros
de altura e 7 metros de base, com mesmo formato das montanhas ao fundo,
provavelmente utilizada em cerimônias e rituais.
Depois que o guia foi embora, aproveitei para
passear aleatoriamente pelo sítio, sentei numa área com sombra para descansar e
apreciar a paisagem, além de observar os outros turistas: gente do mundo todo.
Perto
da hora do almoço, como tinha reserva no restaurante do Sanctuary Lodge Hotel,
e já tinha andado o suficiente entre as ruínas, me despedi de Machu Picchu.
Alguns detalhes interessantes das construções
Incas que me chamaram a atenção e que são bastante visíveis em Machu Picchu,
pela preservação das construções foram:
o
As
construções tinham funções/explicações/relações religiosas e também eram feitas
para suportar as condições geográficas e climáticas da região (chuvas,
inclinações das montanhas, terremotos, etc):
o
Havia
uma preocupação com o alinhamento de algumas edificações importantes com os
raios solares e o topo das montanhas ao redor.
o
Sistema
de drenagem altamente eficiente, visto que a região tem muitas montanhas,
terremotos e chuvas o ano todo, consistindo em capas de pedras trituradas e
rochas, evitando o empoçamento da água das chuvas, e canais de drenagem,
evitando a erosão do terreno.
o
A
maioria das edificações era retangular, com uma a oito portas, e quase sempre
no maior lado do retângulo. As janelas, portas e nichos (falsas janelas) tinham
formato trapezoidal, com a parte mais larga na base. As portas de ambientes
mais importantes eram duplas.
o
As
construções chamadas “huayranas”
possuíam apenas três paredes, existindo no lugar da quarta parede apenas uma
viga para suportar o telhado, feito com troncos e camadas de palha.
o
A
maioria das construções seguia o padrão chamado “kanchas”, com quatro construções retangulares ao redor de um pátio
central.
o
Os
muros podiam ser de dois tipos: de pedra simples unida com barro e outros
materiais (maioria dos muros em Machu Picchu) ou de blocos de granito sem
brilho e talhados em formato de paralelepípedo ou poligonal (podendo a parte
externa ser perfeitamente lisa ou com aspecto almofadado) unidos por fina
camada de material, praticamente imperceptível.
Espero
que meus comentários sejam úteis.