quinta-feira, 30 de junho de 2016

Florença: parte 1

Nos posts anteriores, contei nossa experiência por Pádua. Leia aqui uma visão geral, aqui sobre a Cappella degli Scrovegni, aqui sobre a Basílica de Santo Antônio e aqui sobre a Universidade de Pádua.

Agora é a vez de Florença - um verdadeiro museu a céu aberto.

Ficamos hospedados em Florença, leia aqui sobre nossas experiências de hospedagem, com dois dias para conhecer a cidade, e bate-volta para as cidades de Siena, Pisa e Lucca. Estava também na programação a cidade de San Gimignano, mas não deu tempo de conhecê-la. Outro motivo para voltar....kkk

No primeiro dia, ficamos em Florença e visitamos a Basilica Santa Maria del Fiori (Duomo), o Batistério, que fica na frente da basílica,  a Basilica di San Lourenzo (não entramos – apenas apreciamos por fora), a Cappelle Medicee, a Basilica Santa Maria Novella, e terminamos o dia na Galleria dell´Accademia. Terminando com chave de ouro, diga-se de passagem, pois aqui vi a magnífica “Davi” de Michelangelo.....uma C O I S A de outro mundo.  No dia seguinte, fizemos um bate-volta para Siena. No outro dia fizemos bate-volta para Pisa e Lucca, e no último dia ficamos novamente em Florença e visitamos a Piazza della Signoria, Palazzo Vecchio, Uffizi, Ponte Vecchio, Palazzo Pitti e Chiesa Santa Croce.

A parte histórica de Florença é bem compacta e suas principais atrações ficam bem próximas, podendo ser feito tudo a pé, e foi o que fizemos, sem nenhuma dificuldade. A cidade é linda, um verdadeiro museu, com grandiosas e belas obras de arquitetura, além de esculturas e pinturas de grandes artistas, como Michelangelo, Donatello, Giotto, Vasari, Bargello, Tiziano, Botticelli e tantos outros. Deve ser a cidade com maior concentração de obras de arte do mundo....um espetáculo.

Agora vamos ao primeiro dia em Florença, mas se preparem que o post ficou longo....igual ao nosso dia por lá.....kkkkk

Duomo e Batistério
O Duomo, Cattedrale di Santa Maria del Fiore (Santa Maria da Flor), fica na Piazza del Duomo, onde também ficam o Battistero di San Giovanni (São João Batista), a Cripta di Santa Reparata, o Campanile di Giotto e o Museo dell´Opera del Duomo. Sua construção teve início em 1296, para substituir a antiga Igreja de Santa Reparata, que estava desmoronando, com projeto de Arnolfo di Cambio, passando por Giotto, Andrea Pisano, Francesco Talenti e, finalizando com Filippo Brunelleschi, em 1436, ou seja, 170 anos para ser concluída.

A nova igreja prestou homenagem à Virgem Santíssima, com o nome de Santa Maria da Flor, sendo Cristo simbolizado pela flor. O projeto era grandioso, pois entendia-se que uma cidade da importância de Florença merecia uma catedral à sua altura. Quando inaugurada, era a maior igreja da Europa. Atualmente é a quinta maior igreja da Europa e, também, o mais alto edifício da cidade de Florença. Possui 153 m de comprimento, 90 m de largura no transepto e 90 m de altura na cúpula, podendo acomodar até 30 mil pessoas.

A fachada neogótica foi concluída apenas entre 1871-1887, com projeto de Emílio di Fabris, seguindo o mesmo estilo do campanário, com revestimento em mármore branco de Carrara, verde de Prato e vermelho de Siena. Simplesmente maravilhosa....impressiona pela beleza, pelas cores e grandiosidade.
detalhe da fachada
Confesso que o interior não é tão impressionante quando a fachada, apesar de ser grandioso, pois é bem mais simples e discreto. Possui três naves separadas por grandes arcos sustentados por enormes colunas. O piso de mármore é colorido e forma desenhos diversos. Sobre a porta de entrada há um relógio com marcação “ahora italica”, que é uma divisão do tempo empregada na Itália até o século XVIII onde o pôr do sol marcava o início do dia, e também um lindo mosaico que representa a “Coroação da Virgem”. Os vitrais, 44 no total, são enormes e retratam santos do Velho e Novo Testamentos (nas laterais) e a vida da Virgem Santíssima e de Cristo (no altar). Belíssimos....O altar mor tem formato octogonal, seguindo o Batistério, com um enorme e belo crucifixo de madeira.

detalhe do mosaico "Coroação da Virgem"
 

detalhe do altar mor
detalhe vitral lateral
A Cúpula foi finalizada em 1463, com a parte externa sustentada por uma camada interna, mais espessa, que lhe dá sustentação. Os tijolos foram colocados entre vigas de mármore seguindo um padrão “espinha de peixe” de autossustentação – técnica que Brunelleschi copiou do Pantheon, de Roma. As pinturas do teto, representando o juízo final, são de Vasari e Zuccari. No alto da cúpula  é possível ter uma vista espetacular da cidade, basta ter coragem para subir 463 degraus (não tivemos esta coragem...kkk).

O Battistero di San Giovanni, provavelmente construído no século IV (não existe certeza sobre a data), que segundo a lenda era um templo pagão que foi convertido em igreja cristã, em formato octogonal, possui  portões de bronze que retratam temas bíblicos. O portão sul, de Andrea Pisano, concluído em 1336, retrata a vida de São João Batista, que dá nome ao Batistério; o portão norte, de Lorenzo Ghiberti, levou 23 anos para ser concluído, de 1402 a 1425, e retrata cenas da vida de Cristo; e o portão leste, também de Ghiberti, levou outros 25 anos, de 1425 a 1450, retratando cenas do Antigo Testamento. Este portão leste é tão espetacular, que foi chamada de “Portão do Paraíso” por Michelângelo. Estes dois últimos portões foram tão ousados para a arte gótica florentina da época que passaram a ser consideradas as primeiras obras do Renascimento, principalmente pelo uso de perspectiva e individualidade das figuras. Na verdade, os portões que hoje estão no batistério são cópias, os originais estão expostos no Museo dell´Opera del Duomo. O interior, possui uma cúpula que lembra muito o formato do Pantheon, em Roma, reforçando a lenda que que o local teria sido um templo pagão. É totalmente decorada com mosaicos, que retratam o Juízo Final...uma coisa linda. A pia batismal possui formato octogonal e fica exatamente embaixo da cúpula, no centro. Muitos famosos foram batizados aqui, incluindo Dante Alighieri.
detalhe do Portão do Paraíso
Cúpula com a pintura do Juízo Final
detalhe da pintura do Juízo Final na Cúpula
Pia Batismal
detalhe da Pia Batismal
detalhe da escultura em mármore na Pia Batismal
A Cripta di Santa Reparata, no subsolo da catedral, com acesso por uma escadaria entre o segundo e terceiro pilar do lado direito, é o local das escavações da antiga igreja, Cattedrale di Santa Reparata, do século V. É possível ver o piso, tampas de sarcófagos e mosaicos daquela época.



O Campanile foi projetado por Giotto, em 1334, concluído apenas em 1359, 22 anos após sua morte, por Francesco Talenti, que acrescentou as grandes janelas dos andares superiores. A fachada é ricamente decorada com mármore colorido (branco, verde e vermelho), duas fileiras com 56 relevos, retratando temas diversos, como astrologia, medicina, artes, passagens bíblicas, etc, e 16 estátuas em tamanho natural, obras de artistas famosos, da época, como Andrea Pisano e Donatello. Estes relevos e esculturas são cópias, os originais estão expostos no Museo dell´Opera del Duomo.

detalhe da fachada
detalhe da fachada
O Museo dell´Opera del Duomo (museu da catedral) possui um grande acervo de obras do Duomo, do Campanário e do Batistério: como os relevos e estátuas da fachada do campanário, os paineis de bronze das portas e o altar de prata de São João Batista do batistério, maquetes de madeira da cúpula, desenhos dos projetos dos edifícios, peças litúrgicas, uma das três esculturas “Pietá” de Michelangelo, entre outras relíquias. Não visitamos o museu, então não posso avaliar sua beleza.

O ingresso custa 10 euros e dá acesso a todas estas atrações (a entrada apenas na catedral é gratuita), podendo ser utilizado durante 24 horas, ou seja, se não der tempo de conhecer tudo num dia, pode voltar no dia seguinte. Tem folder com informações bem detalhadas das atrações (não tinha em português, vi em italiano, inglês e espanhol). As filas são grandes (principalmente da catedral), demora um pouquinho, mas vale muito a pena esperar. Aproveite o tempo na fila para ir admirando a fachada da catedral e seus detalhes.
detalhe de Fabio na fila
Site:
http://www.ilgrandemuseodelduomo.it
Horário:
Basílica e Museu: Segunda a Sábado: 10 às 17 h // Domingo: 12:30 às 15:45 h
Batistério: Segunda a Sábado: 8:15 às 18:30 h // Domingo: 7:15 às 12:30 h
Campanário: Segunda a Sábado: 8:15 às 18:50 h // Domingo: 7:15 às 17:50 h
Cripta: Segunda a Sábado: 10 às 17 h // Domingo: fechado
Ingresso:
10 euros

Basílica de São Lourenço
A Basilica di San Lorenzo, projetada por Filippo Brunelleschi, o mesmo que concluiu as obras do Duomo, foi construída de 1419 a 1460, sobre as ruínas de uma antiga igreja em homenagem a Santo Ambrósio. Sua construção foi financiada pela família Medici e possui várias obras de Donatello, que inclusive está enterrado na cripta, sob o altar principal.

Era a igreja preferida da família Medici – que comandou Florença por muitos anos. É nesta igreja que fica a Capela Medici – mausoleu da família Medici e local de grande procura pelos turistas, pelas várias obras de Michelângelo (com entrada independente).


Não entramos na igreja, pois fomos direto para a Capela Medici, apenas a visitamos por fora, portando não posso descrever suas belezas.

Site:
http://www.basilicasanlourenzofirenze.com
Horário:
Segunda a Sábado: 10 às 17 h // Domingo: fechado
Ingresso:
2,50 euros

Capela Medici
Na parte de trás da Basilica di San Lorenzo, com entrada independente, a partir de 1913, pelo grande número de visitantes, funciona a Cappelle Medicee, que foi o mausoléu particular desta família que comandou Florença por muitos anos, atualmente um museu (criado desde 1869), formado pela Cripta, Sagrestia Nueva (Sacristia Nova) e a Cappella dei Principi (Capela dos Príncipes).
detalhe da entrada da Capela
Logo na entrada fica a Cripta, construída em 1508, para servir como mausoléu da família Medici, e onde estão vários túmulos dos membros desta família, e também da família Lorena (seus sucessores no comando de Florença), além de exposição de vários objetos originais do local (quadros, pedras preciosas, objetos religiosos, etc).


Estátua de Ana Maria Luisa de´Medici, do artista Alfonso Boninsegni, esculpida em bronze em 1946, e doada ao museu por seus herdeiros em 2004. Ana Maria Luisa (1667 – 1743) foi a última representante da família Medici, já que ela e seus irmãos não deixaram herdeiros. Como a morte dos seus irmãos, o poder de Florença passou para a família Lorena, e pela tradição da época, todos os bens também seriam passados para a nova família, que poderiam fazer o que quisesse com eles: vender, levar para o exterior, etc. Porém Ana Maria Luisa não fez assim, ela passou os últimos anos de sua vida catalogando todos os bens da família que seriam repassados para a família Lorena, após sua morte, e redigiu o chamado “Pacto de Família”, onde resguardava que eles servissem como ornamento do Estado e de utilidade pública para atrair o interesse dos visitantes estrangeiros e que não poderiam ser vendidos nem levados para fora da cidade, preservando assim todos essas obras de arte que podem ser apreciadas pela cidade. Pense numa mulher “virada”...kkk.

A Sacristia Nova (Sagrestia Nuova) foi idealizada pelo então Papa Leão X (que era membro da família Medici) e, seu primo, o Cardeal Giulio di Giuliano de´Medici, que tornou-se posteriormente o Papa Clemente VII, para servir de túmulo para membros ilustres da família. O projeto e execução são de Michelângelo, e sua construção durou de 1521 a 1534, com aproveitamento do espaço de forma inovadora, com paredes em vários níveis e cúpula totalmente redonda (ideia essa que seria novamente usada por ele – 30 anos depois – na Basílica de São Pedro em Roma).

As tumbas laterais pertencem a Giuliano de´Medice, Duque de Nemours (1478-1516), e seu sobrinho Lorenzo de´Medice, Duque de Urbino (1492-1519), esculpidas por Michelângelo entre 1531 e 1532. Giuliano é representado, em trajes de comandante romano, em posição de orgulho e comando, suas principais características, com duas esculturas a seus pés que representam o Dia e a Noite. O dia é representado como um poderoso homem com o rosto inacabado, e a noite, como uma mulher jovem e bela dormindo à luz do luar. Lorenzo é representado, também em trajes de comandante romano, porém em posição pensativa e meditativa, suas principais características. As esculturas a seus pés representam a Aurora e o Crepúsculo.  A aurora é representada por um homem acordando, ainda sonolento, e o crepúsculo, por uma mulher prestes a cair no sono. Estas quatro esculturas foram chamadas de “Alegoria do Tempo”, simbolizando o triunfo da família Medici ao longo dos anos.
Tumba de Giuliano de'Medice
detalhe da escultura que representa Giuliano de'Medice
Tumba de Lorenzo de'Medice
detalhe da escultura que representa Lorenzo de'Medice
Os detalhes das esculturas são impressionantes....realmente Michelângelo era “o cara”.....pegar um pedaço de pedra e transformar nessas maravilhas.....não é desse mundo não.....kkkk

Na parede de fundo, em frente ao altar, estão os túmulos dos irmãos Giuliano di Piero de´Medici (1453-1478), pai do Cardeal Giulio de´Medici, e Lorenzo de´Medici (1449-1492), conhecido como Il Magnifico, por ter sido o governante de Florença na idade de ouro do Renascimento, além de ser pai do Papa Leão X. Estes túmulos ficaram bem simples, apenas um simples sarcófago, com três esculturas de Michelângelo, de 1521, representando Nossa Senhora com Jesus no colo (conhecida com a Virgem dos Medici) e de cada lado, os santos protetores da família: São Cosme (San Cosma) e São Damião (San Damiano) - esculturas de Angelo Montorsoli e Raffaele da Montelupo, respectivamente (alunos de Michelangelo). Isto, porque Michelângelo partiu definitivamente para Roma, em 1534, sem tempo para concluir esta parte do projeto.

O altar, também é um projeto de Michelângelo, que foi executado posteriormente: os dois enormes candelabros laterais foram executados, o da direita por Silvio Cosino, ajudante muito próximo de Michelângelo, ainda no século XVI, e o da esquerda por Girolamo Ticiatti, apenas no século XVIII. O crucifixo e os castiçais de bronze foram executados no século XVII, por Girambologna.

Os dois trofeus militares, esculpidos por Silvio Cosino, também ficaram inacabados pela mudança definitiva de Michelângelo para Roma.

Numa salinha ao lada da sacristia está em exposição a cruz do topo da Sacristia Nova, criada por Michelângelo, em 1525, no formato de um poliedro com 12 pirâmides formadas por 60 peças triangulares com o objetivo de refletir a luz do sol como um diamante. Foi acrescentado a esta base, pelo ourives conhecido como Il Piloto, oito cabeças de leão, cada uma diferente da outra. Realmente muito bonita...a perfeição das cabeças dos leões é impressionante...imaginar este trabalho sendo feito no século XVI, sem a tecnologia e recursos atuais, é de assombrar.

A Capela dos Príncipes (Cappella dei Principi), idealizada por Cosimo I (Cosmo I), e levada adiante pelos seus filhos Ferdinando I e Don Giovanni de´Medici, entre 1605 e 1640, com projeto de Matteo Nigetti, com a finalidade de abrigar os restos mortais dos Príncipes de Florença (Granduchi di Toscana), os grão-duques da família Medici que governaram Florença. A capela tem formato octogonal completamente revestida em mármore, com bela cúpula coberta por pinturas e túmulos nas paredes laterais.
Estão enterrados lá Cosimo I (1519-1574), primeiro grão-duque da Toscana que reinou de 1569 a 1574, Francesco I (1541-1587), seu filho mais velho, que reinou de 1574 a 1587, Ferdinando I (1549-1609), que era cardeal e abdicou da vida religiosa para assumir o título com  a morte de seu irmão, Francesco I, que não deixou herdeiros homens, reinando de 1587 a 1609, Cosimo II (1590-1621), seu filho mais velho, que reinou de 1609 a 1621, Ferdinando II (1610-1670), seu filho mais velho, que assumiu o título com apenas 10 anos e sob a regência de sua mãe e avó, reinando de 1621 a 1670, e, o penúltimo grão-duque da família Medici, Cosimo III (1642-1723), seu filho mais velho, reinando de 1670 a 1723.
Tumba de Ferdinando I
Esta sala estava em reforma, portanto várias esculturas não estavam lá e também grande parte do altar estava coberta por andaimes e lonas, o que dificultou a visita, mas mesmo assim foi possível ver a grandeza e beleza, apesar de sombria, do local. O piso, totalmente trabalhado, e os brasões da família nas paredes, em mármore colorido, formando mosaicos, são de enlouquecer pela perfeição dos desenhos e uso das cores. 
detalhe do piso - todo em mármore colorido
detalhe do brasão na parede - todo em mármore colorido
Site:
http://www.polomuseale.firenze.it
Horário:
Diariamente: 8:15 às 17 h
Ingresso:
8 euros

Basílica de Santa Maria Novella
A Basilica di Santa Maria Novella foi construída pelos dominicanos entre 1279 e 1357. A fachada toda em mármore branco e verde com figuras geométricas (quadrados, retângulos e triângulos) foi concluída entre 1456 e 1470, seguindo o estilo romântico.

aqui é para ter noção do tamanho da porta principal
O interior, em formato de cruz latina, em estilo gótico, possui uma nave central e dois corredores laterais com poucas pinturas nas paredes, dando leveza e  claridade ao ambiente. Os pilares na nave central foram colocados mais próximos a medida que se aproximam do altar, um truque de perspectiva que cria a ilusão de que a igreja é mais longa. Um pouco antes do altar mor fica um enorme crucifixo, obra de Giotto, pintado entre 1288 e 1289....lindo demais (mesmo sendo uma cópia, pois o original está exposto na Galeria Ufizzi JJ).

 

No fundo da basílica existem cinco capelas: a Cappella Maggiore (ou Cappella Tornabuoni) em homenagem a Virgem Maria – padroeira da igreja, no centro, funciona como altar mor, e possui vários afrescos, do século XIV, retratando a vida dos quatro evangelistas e de João Batista. A parede de fundo é coberta com lindos e coloridos vitrais. O altar, totalmente em mármore branco, com quatro esculturas, em cada lateral, que representam a Caridade, a Fortaleza, a Prudência e a Religião, é muito bonito.
 

detalhe dos vitral no altar mor
E do lado direito, estão a Cappela di Filippo Strozzi (banqueiro de família nobre), onde está seu túmulo, que possui afrescos retratando a vida de São Felipe e São João Evangelista (nas paredes laterais) e dos patriarcas do Antigo Testatmento: Adão, Noé, Abrãao e Jacó (no teto), todas obras de Filippino Lippi do século XV; e a Cappela Bardi com afrescos representando a vida de São Gregório e São Domingos, do final do século XIII. Destaque para a pintura central de Vasari, de 1570, retratando Nossa Senhora do Rosário, atual padroeira desta capela.
detalhe Capella di Filippo Strozzi
detalhe Capella Bardi
Do lado esquerdo fica a Capella Gondi, em homenagem a São Lucas, com destaque mesmo para o enorme crucifixo de Filippo Brunelleschi, esculpido entre 1410 e 1415; e a Cappela Gaddi, em homenagem a São Jerônimo com destaque para o piso com vários tipos de mármore.
detalhe Capella Gondi
As capelas recebiam nomes das famílias que as patrocinavam, ou seja, que ficavam responsáveis pela sua decoração e manutenção......e esse patrocínio ía mudando a medida que as famílias não tinham recursos e “vendiam” a capela para outra família.....imagina a briga para ter a capela mais bonito e ricamente decorada????? JJJ

Existe também a Cappella Strozzi di Mantova, dedicada a São Tomás de Aquino, pertencente a um ramo da família Strozzi, com lindo vitral representando a Virgem Maria com o Menino Jesus e São Tomás de Aquino, além da pintura do altar, de Andrea L´Orcagna, de 1354.


A Sacristia é muito bonita. Destaque para o armário (ou guarda-roupa...não sei o nome correto) e a pia. Uma riqueza de detalhes....lindos.
 

Saindo da basílica, por uma porta lateral, fica o Chiostro Verde, Claustro Verde, que recebeu este nome por causa da base verde usada nos afrescos de Paolo Uccello, e fazia parte do convento dominicano que funcionava ao lado da igreja. Os afrescos retratam, em sequência, o primeiro livro da bíblia: Gênesis. Um corredor leva ao Chiostrino dei Morte, Claustro dos Mortos, uma espécie de cemitério: lembra os ossuários de algumas igrejas aqui no Brasil.....merece destaque as paredes e tetos completamento cobertos de pinturas.


A Cappellone degli Spagnoli, originalmente construída para servir como tribunal do convento, foi transformada em capela para os compatriotas espanhóis de Eleonora di Toledo, quando ela casou-se com o grão duque Cosimo I. Possui pinturas belíssimas retratando a “Salvação e a Condenação”.


Na saída, no antigo refeitório do convento, transformado em museu, em 1983, estão expostas peças de diferentes áreas do Complexo Santa Maria Novella (igreja e convento): móveis, roupas religiosas, relicários, cruzes, etc.

O ingresso custa 5 euros e tem folder, “yes”, com informações e mapa da basílica (não tinha em português, pegamos em inglês).

Site:
http://www.chiesasantamarianovella.it
Horário:
Segunda a Quinta: 9 às 17:30 h
Sexta: 11 às 17:30 h
Sábado: 9 às 17 h
Domingo: 13 às 17 h
Ingresso:
5 euros

Galeria dell´Accademia
A Academia de Belas Artes foi fundada em 1784, nos antigos prédios do Ospedale di San Matteo e Convento di San Niccolo di Cafaggio, pelo grão-duque da Toscana Pietro Leopoldo, para ensinar técnicas de desenho, pintura e escultura. Junto com a Academia foi fundado também a Galeria para expor obras da escola que servissem de inspiração e exemplo para seus alunos.

No final do século XIX, a Galeria desvinculou-se da Academia de Belas Artes e seu acervo passou por uma reestruturação, com a seção de arte moderna, por exemplo, sendo transferida para o Palazzo Pitti.

Logo na entrada fica a Sala del Colosso, com várias pinturas de temas religiosos do século XVI. No centro está um enorme molde de gesso da escultura de Jean de Boulogne, conhecido como Giambologna, de 1582: Ratto delle Sabine (Rapto da Sabine), representando um belo jovem oprimindo um velho e levando a força uma menina, cuja escultura original encontra-se na Loggia dei Lanzi na Piazza della Signoria. Um dos quadros da sala é sobre a discussão entre os doutores da lei sobre o nascimento da Virgem Maria sem pecado, chamado de Disputa sull´Immacolata Concezione, do artista Giovanni Antonio Sogliani, muito bonito.

Depois vem a Galleria dei Prigioni, que abriga obras de Michelângelo, criando um caminho que termina na famosa escultura Davi, razão de minha visita. São quatro grandes esculturas chamadas Quattro Prigioni (Quatro Prisioneiros), esculpidas entre 1521 e 1523, que representam figuras musculosas lutando para se libertar da pedra. Originalmente seriam esculpidas para o túmulo do papa Giulio II, porém ficaram inacabadas, pelos muitos compromissos do artista e também pela dificuldade em definir o tema da decoração da tumba do papa, pelos seus herdeiros. Após a morte de Michelângelo, as esculturas foram doadas ao grão-duque Cosimo I, que as colocou no Jardim Boboli do Palazzo Pitti, sendo transferidas para a Galleria em 1909.


Na Tribuna del Davi, está exposta a principal obra que é a grandiosa escultura, de 5,17 m, Davi, de Michelângelo, esculpida entre 1501 e 1504. Originalmente ela foi encomendada pela cidade para ser colocada na Piazza della Signoria (onde hoje existe uma réplica), porém foi transferida para cá, em 1873, por conta da sua preservação. A escultura é simplesmente fantástica e representa o heroi bíblico Davi que matou o gigante Golias. Talvez seja a mais famosa escultura do mundo, e que consagrou Michelângelo, aos 29 anos, como o principal escultor da sua época. Vale a pena perdeu uns bons minutos admirando todos os detalhes por todos os ângulos...confesso que fiquei de “boca aberta”, pela grandiosidade e perfeição dos detalhes...Os detalhes anatômicos, como veias e músculos, nos braços e pernas, é de outro mundo....a barriga de “tanquinho”, então, nem se fala...kkkk

 


É possível ver vários jovens, sentados pelo chão, com cadernos de desenho, tentando reproduzir a beleza desta escultura...lindo de ver a concentração e dedicação....coisa de artista, né?

No Salone dell´Ottocento estão expostas pinturas e esculturas de artistas do século XIX, além de vários moldes de gesso (que serviram de modelo e/ou réplica de originais de mármore) de Lorenzo Bartolini (1777 – 1850), demonstrando a intensa atividade deste artista, na sua época, que tinha entre seus clientes a alta aristocracia italiana e até mesmo Napoleão Bonaparte. Tem um vídeo bem interessante que fica passando sobre o processo de restauração e confecção de réplicas das obras...bem didático.

Cabe destaque o molde de gesso da escultura Giunone, encomendada pelo Príncipe Borghese para seu palácio, e esculpida por Bartolini entre 1823 e 1830, representando Juno, a deusa romana esposa de Júpiter.

E três pequenas salas: Sala di Giotto e della sua scula, com pinturas de Giotto e seus seguidores, no século XIV; Sala del Duecento e del primo Trecento, com pinturas religiosas dos séculos XIII e XIV; e Sala di Giovanni da Milano e degli Orcagna, com pinturas dos irmãos di Cione, onde o mais famoso, Andrea, era conhecido como Orcagna (Arcanjo), do século XIV.

Tem também uma área para exposição de instrumentos musicais, o Dipartimento degli Strumenti Musicale, onde achei interessante uma bacia sonora (Bacile Sonoro), produzida em 2001 por um artista alemão, baseado num objeto de ritual chinês da Dinastia Ming, em bronze que produz som a partir da vibração quando se esfrega a palma da mão na bacia ou coloca água dentro. Imagino que seja verdade, pois não tinha demonstração....kkkk


A exposição em si é fraca se comparada com a riqueza de obras de arte existentes em Florença, sendo a visita importante apenas para ver a escultura Davi. Se achar que vendo a réplica na Piazza della Signoria está “visto”, então esta visita pode ficar fora do roteiro.O ingresso custa 12,50 euros, podendo ser comprado pela internet, com antecedência, com a opção de agendar horário, e não enfrentar fila para entrar, pois tem uma fila exclusiva para quem tem ingresso já comprado com horário agendado. Se deixar para comprar na hora, como foi nosso caso, prepare-se para enfrentar fila. Fomos de manhã, era nossa primeira opção de visita, mas a fila estava dando volta na rua, então resolvemos fazer outros locais e voltar no final da tarde....a fila ainda estava grande, porém bem menor que pela manhã....esperamos uns 40/50 minutos para entrar.

Site:
http://www.polomuseale.firenze.it
Horário:
Terça a Domingo: 8:15 às 18:50 h // Segunda: fechado
Ingresso:
12,50 euros

Ufa....eu cansei só de escrever. Imagina lá.....kkkkkk

No próximo post continuaremos com Florença.

Cheiros.