quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Pisa: bate e volta a partir de Florença

Saímos cedo de Florença com destino à Pisa, para passar a manhã, e a tarde iríamos para Lucca. Existem duas estações de trem em Pisa, a Pisa Centrale e a Pisa S. Rossore. A primeira é maior e mais conhecida, a segunda, pequena e poucos trens param lá, então atentar em qual estação de trem tem que descer. Normalmente, se você for de Florença, o trem passa pela Pisa Centrale, porém se for de Lucca (visitar primeiro Lucca e depois Pisa), o trem passa pela Pisa S. Rossore que fica bem pertinho do Campo dei Miracoli (ou Piazza Del Duomo), onde estão as atrações turísticas de Pisa. Como nós fomos de Florença, descemos na estação Pisa Centrale e fomos andando até a Piazza Del Duomo – dá mais ou menos uns 2 km de distância. Se preferir ir de ônibus, pegar o ônibus LAM Rossa em frente à estação de trem e descer na parada  Cammeo, em frente à Piazza Del Duomo. Na volta, também voltamos andando, por outro caminho, beirando o Rio Arno, até a estação de trem Pisa Centrale para pegar o trem para Lucca.
caminhando pela cidade
Na beira do Rio Arno, tem uma igrejinha, Chiesa di Santa Maria della Spina (Santa Maria do Espinho), bem pequinininha, construída em 1230 pela família Gualandi com o nome de Chiesa di Santa Maria di Pontenovo, por conta do nome da ponte que existia no local, em estilo gótico, com fachada em mármore, muito trabalhada, e com várias estátuas de anjos e santos. Em 1333, passou a abrigar uma relíquia da Paixão de Cristo: um espinho da coroa da crucificação, razão pela qual recebeu o nome de Chiesa di Santa Maria della Spina, porém no século XIX essa relíquia foi transferida para a Chiesa di Santa Chiara. Ela ficava no nível do Rio Arno, mas entre 1871 e 1875, por conta das sucessivas inundações, foi desmontada e remontada um pouco mais acima. Imagina o trabalho.....oÔ. Já tinha visto fotos na internet e achei linda, parece uma casinha de boneca, porém como estava em obras de restauração, sua fachada estava quase toda coberta, então não deu para ver direito.
foto da internet
igreja em obras

detalhe da fachada em obras
A cidade até que é grande e bem bonita, super bem cuidada. Na caminhada de volta, pudemos admirar as casas, apartamentos, ruas floridas e as várias pontes pelo Rio Arno.

Um bate-volta a partir de Florença é mais que suficiente para conhecer a cidade e suas atrações. Dá para combinar com Lucca, sem problema algum, até porque as atrações turísticas de Pisa ficam num mesmo local.

Agora vamos aos detalhes dos locais visitados:

Campo dei Miracoli (ou Piazza Del Duomo)
Campo dei Miracoli (Campo dos Milagres), ou simplesmente Piazza Del Duomo, consiste numa grande praça, murada com algumas (grandes) portas de acesso, acho que são cinco, mas não tenho certeza (sei que entrei por uma e saí por outra, do lado oposto), onde estão as principais atrações de Pisa: a famosa torre inclinada, o Duomo, o Batistério e o cemitério. Interessante observar a disposição harmoniosa entre os monumentos, que estão juntos mas não ficam “amontoados”.

Desde 1987 o complexo é considerado Patrimônio Mundial da UNESCO.

Logo ao entrar na Piazza, se não tiver comprado pela internet, vá logo na bilheteria comprar os ingressos, pois tem horário marcado para subir na torre, e pode acontecer, dependendo da época do ano, de não ter mais vaga. Chegamos +/- às 9:45h e o próximo horário disponível para subir na torre era às 12:15 h. Aproveitamos, neste intervalo, para conhecer o Duomo e o Batistério (pois não entramos no Camposanto), ficando a Torre por último. E foi mais que suficiente.

Importante lembrar que é fundamental pagar o mico e tirar várias fotos engraçadas com a torre...segurando a torre, derrubando a torre, abraçando a torre, etc.....use e abuse da criatividade....todo mundo faz isso, nem é mais mico...kkkk. Até Fabio que não gosta muito dessas coisas entrou na brincadeira e tirou várias fotos.



Duomo
A Catedral de Pisa, dedicada à Santa Maria Assunta (Virgem Maria), foi construída entre 1064 e 1118, em estilo romântico, com projeto de Buscheto, arquiteto de origem grega, no local onde existia uma igreja datada de 1006. O estilo romântico recebeu influências árabes, bizantinas, lombardas e clássicas, sendo conhecido como estilo romântico toscano. A fachada, com projeto de Ranaildo, é revestida em mármore cinza e branco, e na parte da frente possui três portais (do artista Bonanno Pisano) com belos mosaicos, quatro galerias com muitas colunas na parte superior, além da linda escultura da Virgem com Jesus, no alto, e quatro esculturas nas laterais representando os quatro evangelistas (estas esculturas são cópias, as originais foram transferidas, no século XIX, para o Museo dell´Opera del Duomo).


Ao longo dos anos a catedral passou por ampliações e reformas, sendo que em 1595, após um grande incêndio, o telhado precisou ser reconstruído, as três portas principais de entrada substituídas e o interior precisou ser redecorado. Obras estas financiadas por cidadãos ricos de Pisa.

Seu interior, revestido com tiras de mármore branco e preto, originalmente tinha formato de cruz grega (formato quadrado), mas após as ampliações passou a ter um formato de cruz latina (ou seja, em formato de T), com  cinco naves e uma cúpula em formato elíptico com cenas da Virgem Maria em glória com santos, pintada entre 1627 e 1631.

Uma beleza é o púlpito do artista Giovanni Pisano, esculpido entre 1302 e 1310, que sobreviveu ao grande incêndio de 1595, que retrata episódios da vida de Cristo. Ele foi desmontado, após o incêndio, para as obras de restauração, mas só foi remontado em 1929, com algumas peças faltando, e em local diferente do original. De qualquer modo, é realmente uma beleza...com muitos detalhes....uma perfeição.


O altor-mor é decorado com 27 quadros com cenas do Antigo Testamento, pintados durante os séculos XV e XVI, com destaque para o grande mosaico (que sobreviveu ao incêndio), do artista Cimabue, representando o Cristo Todo Poderoso ladeado pela Virgem Maria e São João Evangelista, além de um grande crucifixo de bronze e lindos candelabros de bronze em formato de anjos, do artista Gianbologna, ambos do século XVII.


Também é possível admirar a urna com relíquias de San Ranieri, padroeiro de Pisa, que morreu em 1161.

Site:
http://www.opapisa.it
Horário:
Diariamente: 10 às 18 h
Ingresso:
gratuito

Batistério
O Battistero di San Giovanni, dedicado a São João Batista, em formato circular, foi construído entre 1152 e 1363, em estilo entre o romântico e o gótico (que é um estilo mais decorado/rebuscado), com projeto original de Diotsalvi, que após sua morte, foi continuado por Nicola Pisano (que modificou o formato do teto, dando o formato de cúpula) com 54,86 m de altura, 34,13 m de diâmetro e 107,24 m de circunferência. A fachada é bem decorada, ao contrário do interior, que é super simples e sem adornos.

O púlpito, esculpido entre 1255 e 1260, por Nicola Pisano, pai do famoso Giovanni Pisano, em mármore, retratando cenas da Natividade, Adoração dos Reis Magos, Apresentação, Crucificação e Juízo Final é muito bonito. A perfeição do trabalho é um negócio “do outro mundo”...J


A bela pia batismal, em formato octogonal, de 1246, é do artista Guido da Como, com uma estátua em bronze de São João Batista, do artista Italo Griselli.


Interessante que, quando estávamos saindo do batistério, o funcionário fechou a porta e mandou esperarmos um pouco. Ficamos sem entender direito o porquê, mas voltamos para o centro do salão e para nossa surpresa, uma das funcionárias foi até perto da pia batismal e começou a cantar, em tom bem baixo, mostrando a maravilhosa acústica do salão com um eco bem legal: era possível ouví-la perfeitamente, como se tivesse usando microfone. Simplesmente fantástico.

Site:
http://www.opapisa.it
Horário:
Diariamente: 9 às 18 h
Ingresso:
5 euros (se comprar junto com Camposanto 7 euros)

Torre de Pisa
A torre, na verdade um Campanile, chamada de Torre Pendente, foi construída em três etapas: a primeira com início em 1173, no auge do crescimento da cidade de Pisa, para abrigar os sete sinos da Cattedrale di Santa Maria Assunta (Duomo). O arquiteto responsável pode ter sido Bonanno Pisano ou Diotivalsi, pois há controvérsias sobre a autoria original do projeto. Quando estavam no terceiro andar, em 1178, a torre começou a inclinar, basicamente por conta da fundação de apenas três metros num solo arenoso, fraco e instável, o que paralizou a obra. Em virtude das guerras entre Pisa, Gênova e Florença, o projeto ficou parado por quase um século, sendo retomada em 1272 (segunda etapa), com o arquiteto Giovanni di Simone, o mesmo do Camposanto, que para compensar a inclinação da torre, construíu os andares seguintes com o lado da inclinação mais alto que o lado oposto para tentar compensar, o que só piorou a situação, e a torre inclinou ainda mais. Com a derrota de Pisa na Batalha Naval de Meloria, para Gênova, em 1284, a obra foi novamente paralizada, só retomando em 1319 (terceira etapa) com a conclusão do sétimo e último andar, em 1350, já com uma inclinação de 1,4 m. Em 1817 essa inclinação era de 3,8 m e foi aumentando ao longo do tempo, mesmo com algumas tentativas frustadas de reparo, chegando a 4,5 m em 1990.

O governo italiano formou um comitê de engenheiros, matemáticos e historiadores para pensarem numa solução para impedir o desmoronamento da torre, porém preservando sua inclinação, visto que esta era o principal chamariz turistico da região, e um dos símbolos da Itália, ficando a torre fechada entre 1990 e 2001 para uma grande reforma, com reforço estrutural, que reduziu sua inclinação em cerca de 40 cm, passando de 5,5º para 3,97º de inclinação, podendo ser reaberta ao público e declarada estável pelos próximos 300 anos.

Atualmente a torre possui 55,86 m de altura do lado mais baixo e 56,70 m do lado mais alto, com 3,97º de inclinação, e pesando aproximadamente 14.700 toneladas.

A visita, com duração de +/- 30 minutos, é agendada e com número máximo de 40 visitantes por vez. Lembrando que crianças menores de 8 anos são proibidas de subir, e menores de 18 anos apenas acompanhados de adulto, por questões de segurança. As mochilas/bolsas/etc devem ser deixadas no guarda-volumes (gratuito), devidamente sinalizado na lateral da piazza, pois não é permitido subir levando nada, apenas câmera ou bolsinha a tiracolo. No horário marcado, o grupo entra na torre e fica no saguão térreo para receber algumas informações sobre o monumento e só depois pode começar a subir.
fila para entrar na torre

porta de acesso à torre - dá para perceber a inclinação

Neste saguão podemos ver toda a parte central da torre que é oca, já que a escadaria vai circulando toda a torre, pela parte interna, com portas em cada andar dando acesso à varanda externa (porém são fechadas com grades – não pode passar), até o 6º andar quando se tem acesso à varanda externa, onde é possível ter uma visão panorâmica da piazza. Muito lindo. Depois continua a subida para o último andar onde ficam os sinos. No total, são 296 degraus....ufa.

Não fui até os sinos, pois apesar da varanda externa ser protegida por um gradil, fiquei com uma sensação de insegurança muito grande por conta da inclinação. Então apreciei a vista e dei por encerrada minha visita...com muito orgulho, diga-se de passagem, pois morro de medo de altura....kkkkk. Não cheguei a sentir tontura, apenas insegurança....também não vi ninguém passando mal por conta da inclinação.

Interessantíssimo prestar atenção nos degraus...ora são gastos da lado direito e ora, do lado esquerdo, dependendo da inclinação da torre. E dá para sentir claramente essa inclinação, naturalmente você vai subindo de um lado da escada e vai passando para o outro lado até encostar na parede....uma graça. Imagina a quantidade de gente que já subiu nestas escadas ao longo destes séculos....é para desgastar mesmo...kkkk.
detalhe do desgaste dos degraus de um lado só

Site:
http://www.opapisa.it
Horário:
Diariamente: 9 às 18 h
Ingresso:
18 euros

Camposanto
O Camposanto Monumentale (ou cemitério monumental) foi o último monumento a ser construído no Campo dei Miracoli, iniciado em 1278 e só sendo concluído em 1464. Com formato retangular, grandes arcadas, fachada toda em mármore, um grande jardim interno, com muitos afrescos retratando a Crucificação, o Juízo Final, o Inferno e a história dos santos pisanos. Diz a lenda que o cemitério foi erguido em volta de uma área onde existia terra trazida da Terra Santa, durante as Cruzadas. Serviu para abrigar os sarcófagos romanos que estavam espalhados em vários locais ao redor da Catedral, além de túmulos de ilustres pisanos, porém durante um bombardeio aliado na Segunda Guerra Mundial, em 1944, que causou um incêndio destruindo quase que completamento o local, que só pode ser restaurado após o fim da guerra.

Não visitamos, então não posso confirmar se é bonito. Também não vi muita gente entrando por lá não. Acho que cemitério deve assustar né?...kkkk

Site:
http://www.opapisa.it
Horário:
Diariamente: 9 às 18 h
Ingresso:
5 euros (se comprar junto com Batistério 7 euros)

Encerrando nossa visita à Pisa, fomos conhecer Lucca. Leia aqui.

Cheiros.