terça-feira, 22 de março de 2016

Pádua: Basílica de Santo Antônio

O ponto alto da cidade é conhecer a igreja onde estão os restos mortais de Santo Antônio – santo português, nascido em Lisboa, de família nobre, em 15 de agosto de 1195, com o nome de Fernando de Bulhões. Ingressou na Ordem de Santo Agostinho no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa, e posteriormente transferido para o Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra. Tornou-se franciscano, da Ordem de São Francisco de Assis, com o nome de Frei Antônio, em 1220, após contato com missionários franciscanos, e seus ideiais de simplicidade e fraternidade, que passaram pelo mosteiro a caminho de Marrocos para evangelizar os mouros. Como franciscano viajou bastante, passando por cidades da Itália e França.

Considerado um grande orador e um dos mais notáveis intelectuais de Portugal, sendo uma das figuras mais respeitadas da igreja católica do seu tempo, chegando a lecionar em universidades italianas e francesas.

Em 1230, solicitou dispensa, ao papa, das suas funções como superior provincial dos Frades Menores da Itália Setentrional para se dedicar apenas a pregação, contemplação e oração num mosteiro em Pádua, fundado por ele. Um ano depois, muito doente, com hidropisia, foi levado para o convento de Arcella, em Camposanpiero, próximo a Pádua. Porém ao perceber que estava próximo de morrer, pediu para voltar a Pádua, falecendo nos arredores da cidade, antes de chegar ao seu destino, em 13 de junho de 1231, aos 36 anos, sendo enterrado neste mesmo local, sendo seu corpo transferido, logo depois, para a pequena igreja (que foi integrada à atual basílica, durante sua construção), onde costumava rezar (e onde queria ser enterrado). Porém sua fama de santidade era tão forte que foi canonizado no ano seguinte, em 30 de maio, pelo papa Gregório IX e seus restos mortais transferidos, em 1236, para a grandiosa igreja construída para esta finalidade.

A entrada da igreja é gratuita e existem folders em vários idiomas (uhuhuh), inclusive português. O folder sugere um percurso para conhecer a basílica, e foi o que fizemos.

A igreja, conhecida como Il Santo, começou a ser construída em 1232, em formato de cruz latina, sem um estilo arquitetônico predominante, com cúpula em estilo bizantivo, onde o domo central em forma de cone se eleva acima de sete outros domos; fachada com elementos góticos e românticos; e interior com monumentos em estilo renascentista e barroco.

Ao lado da entrada da igreja fica uma grande estátua, obra de Donatello, produzida entre 1443-1452, em homenagem ao soldado mercenário Gattamelata, que prestou grandes serviços à República de Veneza.

Logo ao entrar na igreja há uma imagem de Santo Antônio, como se desse as boas vindas aos visitantes. Muito legal....todo mundo tira foto.
Depois passamos pelo túmulo do santo, que possui grandes paineis com relevos de mármore, obra de Tiziano, retratando a vida do santo. É um momento de grande respeito e emoção entre os visitantes, que rezam e tocam a arca fúnebre.


Seguindo adiante, chegamos na Cappella del Tesoro (Capela das Relíquias), onde estão guardadas relíquias do santo, como pedaços da mandíbula e antebraço esquerdo, pregas vocais e sua língua (isso mesmo, pregas vocais e língua...não sei exatamente o porquê...li algo sobre estarem preservadas quando foram transferir os restos mortais do santo para o local atual....o que teria sido considerado um milagre, pois estas partes são rapidamente decompostas, enaltecendo o dom da oratória do santo), além de pedaços da batina usada pelo santo e  outros objetos. A sala impressiona pela riqueza das diversas esculturas...aqui não economizaram no mármore.



E aqui pagarmos o mico da viagem (na verdade, eu paguei..kkkk, pois Fabio tirou várias fotos com o celular)...Não pode fotografar na igreja, mas como não vi a plaquinha, estava “virada” tirando várias fotos, inclusive procurando o melhor ângulo para a língua do santo.....quando o segurança chamou minha atenção e mandou guardar a câmera na mochila, além de ficar me vigiando o resto da visita.....kkkk. Morri de vergonha....kkkk.

Continuando...com a câmera guardada na mochila até despistar o segurança...kkk...entramos na Cappella delle Benedizioie (Capela das Bençãos) e recebemos uma benção do padre que estava de plantão. Muito simpático, perguntou de onde éramos e quando soube que era do Brasil, pediu desculpas pois não falava português. Muita emoção estar naquele lugar sagrado recebendo uma benção toda especial.

No altar-mor estão a pintura “Milagres de Santo Antônio” e estátuas de Cristo Crucificado, da Virgem Maria e santos de Pádua, todos obras de Donatello.

E por último, tem a lindíssima La Cappella del Santissimo (Capela do Santíssimo Sacramento), onde estão os túmulos de Gattamelata e seu filho, Giannantonio.

Por um portão lateral, podemos visitar também dois jardins do convento, o Chiostro della Magnolia (Claustro da Magnólia – árvore no centro do jardim) e Chiostro del Noviziato (Claustro do Noviciato – área anterior à entrada dos noviços para o convento).


Site:
Horário:
Diariamente: 6:20 às 18:45 h
Ingresso:
Gratuito

No próximo post visitaremos a Universidade de Pádua, onde Galileo dava aula.

Cheiros.

sexta-feira, 18 de março de 2016

Pádua: Cappella degli Scrovegni

No post anterior, contei nossa experiência por Pádua (leia aqui). Agora vamos à Cappella degli Scrovegni, que pela sua grandiosidade merece um post exclusivo...kkkk

A capela foi construída, em 1303, por Enrico Scrovegni, um rico banqueiro e comerciante, dedicada a Santa Maria della Caritá (Santa Maria da Caridade), ao lado do palácio da família, para servir de capela particular e mausoléu da família. Diz a lenda que Enrico Scrovegni construiu a capela com o objetivo de salvar, do inferno, a alma do pai morto, que era um terrível agiota da época.


Contratou os dois maiores artistas da época: Giovanni Pisano para esculpir estátuas de mármore para o altar (Virgem Maria com o menino Jesus entre dois anjos) e Giotto para decorar as paredes e teto, com imagens da vida de Cristo. Giotto levou apenas 2 anos para concluir a decoração, que impressiona pelas cores e detalhes.

Giotto foi um grande artista florentino (1266-1337), considerado o pai da arte ocidental, pois com sua noção espacial, naturalisto e narração dramática inovadoras, para a época, quebrou a tradição bizantina dos mil anos precedentes. Foi o primeiro mestre italiano a deixar o nome para a posteridade, sendo sua genialidade reconhecida ainda em vida.

Pouco se sabe sobre a história da capela, após sua conclusão, apenas que a falta de manutenção pelos proprietários posteriores quase levou a sua destruição, chegando uma das fachadas a ser demolida.

Em 1880, a capela foi adquirida pela cidade de Pádua e passou por um longo processo de restauração, além de adoção de medidas para conservação das pinturas existentes no local.

A visita é agendada e com número máximo de 25 visitantes. No horário marcado, o grupo entra numa sala de vidro para esfriar o corpo (para ficar na mesma temperatura da capela e não danificar as pinturas – pense numa tecnologia...kkk), enquanto assiste um vídeo com a história da capela, durante 15 minutos. Só depois é que entra propriamente na capela e fica lá dentro exatos 15 minutos para admirar tudo.
Entrada da sala de vidro para esfriar o corpo
No jardim, esperando o horário para a visita
Realmente é impressionante (uma pena não poder fotografar...e não pode mesmo). Fiquei de boca aberta com a riqueza das imagens: cores, sombras, detalhes....uma maravilha. Vale demais a visita.

E quem ainda quiser, pode visitar o Museu Cívico de Pádua e o Palazzo Zuckermann, dentro do complexo. Não visitamos...apenas a capela.

Quem quiser, pode comprar o ingresso pela internet, com antecedência, e escolher o dia e o horário, evitando a incerteza de não ter mais disponibilidade quando chegar. Demos sorte, pois deixamos para comprar na hora e conseguimos vaga para o horário de 12 h (compramos logo cedo quando chegamos em Pádua).

Site:
Horário:
Diariamente: 9 às 19 h
Ingresso:
13 euros

Prepare-se, pois no próximo post teremos a Basilica di Sant´Antonio, ponto alto da cidade.


Cheiros.

terça-feira, 15 de março de 2016

Pádua

Depois de conhecer Veneza, vamos curtir Pádua (Padova, em italiano), num pit stop no caminho para Florença.

Querendo ler os posts anteriores sobre Veneza:
- Veneza: uma geral (clique aqui)
- Como chegar a Veneza (clique aqui)
- Veneza: o que conhecer (parte1) (parte 2) (parte 3) e (parte 4)
- Veneza: Ilhas de Murano e Burano (clique aqui)

Saímos cedo de Veneza com destino à Florença, com parada em Pádua, para conhecer a cidade onde viveu e está enterrado Santo Antônio (cresci numa casa com uma imagem enorme de Santo Antônio no jardim – pois meu avó era devoto dele e também se chamava Antônio – então não poderia deixar de visitar esta cidade), e outros pontos turísticos bem interessantes.

Na estação de trem Padova, no final do corredor, quase em frente à plataforma 1, meio escondidinho, tem guarda-volumes (deposito bagagli) onde deixamos as malas. Depois passamos no balcão de informações turísticas para pegar o mapa da cidade e as orientações de como chegar na Cappella degli Scrovegni, pois queríamos comprar logo os ingressos. Se quiser comprar o Padova Card (cartão que dá descontos e vantagens em algumas atrações turísticas), aqui ele é vendido. Não compramos, então não sei dizer se vale ou não a pena.

Dá para conhecer todos os pontos turísticos a pé, porém se quiser ir mais rápido, ou caminhar for um problema, tem o bonde elétrico (chamado de TRAM) que passa na frente da estação de trem e circula por toda a cidade. O bilhete (válido por 24 horas) pode ser comprado na tabacaria na entrada na estação de trem. Fizemos tudo a pé, sem problema, pois os pontos turísticos são todos próximos. O mais distante é a praça Prato della Valle (+/- 4 km da estação de trem), mas mesmo assim, dá para ir andando.

Enfim, saímos da estação de trem e fomos direto para a Cappella degli Scrovegni (bem pertinho da estação de trem) para comprar os ingressos (conseguimos vaga para às 12 h). Como tínhamos tempo até o horário da visita, fomos conhecer a praça Prato della Valle, a Basilica di Santa Giustina (que não estava na nossa programação, mas como ficava ao lado da praça e, por fora é bem grandiosa, resolvemos entrar), e a Basilica di Sant´Antonio. Aí, já era hora de voltar para visitar a Cappella degli Scrovegni. Depois fomos andando pela cidade, apreciando a arquitetura e prédios históricos, passando pela Piazza dei Signori, pelo Palazzo della Ragione e terminando com a visita guiada na Universidade de Pádua (Palazzo del Bo). Como o Duomo (Basilica Cattedrale di Santa Maria Assunta) e o Battistero estavam fechados, não pudemos visitar...mais um motivo para voltar....kkkk

No meio da tarde, após uma gostosa pizza e um maravilhoso gelatto, pegamos o trem com destino a Florença.

Um bate-volta a partir de Veneza ou na viagem entre as cidades de Veneza e Florença é mais que suficiente para conhecer a cidade e suas atrações. Tem gente, inclusive, que fica hospedado em Pádua (por ser mais barato) e faz bate-volta para Veneza (a distância é de apenas 37 km e a viagem de trem leva 26 minutos)...aí vai de cada um, né?

Agora vamos aos detalhes de alguns locais visitados, pois farei posts exclusivos para a Cappella degli Scrovegni, Basilica di Sant´Antonio e Palazzo del Bo.

Prato della Valle
A praça, em formato elíptico, com 90.000 m2, é considerada a segunda maior praça da Europa, perdendo apenas para a Praça Vermelha em Moscou. Ao seu redor está um canal com duas fileiras de estátuas de pedra (40 no anel externo e 38 no anel interno) representando cidadãos ilustes de Pádua: artistas, doges, papas e cidadãos importantes. O nome Prato della Valle, vem de “Pratum”, que significa “campo sem pavimento ou grama utilizado para o comércio”, e “Valle”, que significa “terra baixa, terreno côncavo que permitia inundações”.

Antes era uma área pantanosa que foi revitalizada, em 1636, e transformada em teatro aberto para espetáculos públicos: com encenações de batalhas a cavalos e música (muma prévia das famosas óperas italianas). A partir de 1775, a área foi recuperada e transformada em praça, quando durante as escavações para o sistema de drenagem foram achados vestígios de uma antiga arena romana. Atualmente é uma praça muito frequentada pela população para lazer ou simplesmente descanço.


Basilica di Santa Giustina
A Basilica di Santa Giustina (Santa Justina), ao lado da praça Prato della Valle, foi construída, originalmente, no século VI, em estilo bizantino, em homenagem à Santa Justina, martirizada no ano 304, junto com outros cristãos, numa arena romana que havia no local. Ao longo dos anos passou por reformas e hoje constitui um complexo com igreja, mosteiro e biblioteca.

 
Olha o tamanho da porta principal!
A igreja não é “essa maravilha”, porém impressiona pelo tamanho. Tem formato de cruz latina com 118,5 m de comprimento por 82 m de largura, sendo uma das maiores igrejas da Itália. Conhecida pela simplicidade, sua fachada é mais interessante que o interior. Cabe destacar a pintura de Veronese, no altar mor, de 1572, “Il martirio di Santa Giustina”, que retrata o martírio da santa. Também vale a pena dar uma olhada na bela capela do Santíssimo Sacramento, com teto todo decorado e belas esculturas em mármore.

Pintura "Il Martirio di Santa Giustina", de Veronese.
Capela do Santíssimo Sacramento 
Nesta igreja estão enterrados vários santos, além de Santa Giustina, como San Prosdocimo, San Massimo, Santa Felicita, San Giuliano, além das relíquias do apóstolo San Mattia (Mateus) e do evangelista San Lucca (Lucas).
Arca com relíquias de São Lucas 
Site:
Horário:
Diariamente: 7:30 às 12 h // 15 às 20 h (verão)
                     8 às 13 h // 15 às 20 h (inverno)
Ingresso:
Gratuito

Piazza dei Signori
A praça nasceu no século XIV, com a demolição de um bairro que ficava em frente à Igreja de São Clemente, e serviu de palco para os grandes eventos cívicos da cidade. A piazza é rodeada por belas arcadas, em estilo medieval e renascentista, que abrigam pequenas lojas, cafés e bares.
No centro, em laranja, a Chiesa di San Clemente.
Os prédios ao redor que merecem destaque são o Palazzo del Capitano (residência dos governadores da época) com enorme relógio astronômico e um leão alado na fachada, a Loggia della Gran Guardia (onde funcionava o Conselho dos Nobres e hoje é um centro de convenções) e, a Chiesa di San Clemente.

Palazzo della Ragione
O Palazzo della Ragione (Palácio da Razão), também conhecido como Il Salone, foi construído em 1218 para sediar o Tribunal de Justiça e a Câmara do Conselho de Pádua, num formato de um casco de navio virado de cabeça para baixo. Por fora aparente ser um prédio de dois andares, mas trata-se de um grande salão retangular com 81 m de comprimento, 27 m de largura e 27 m de altura, sem divisórias internas. O teto é constituído por uma imensa abóbado de madeira em formado de carena de navio (parte do casco do navio de fica submersa). Os afrescos originais, atribuídos a Giotto, foram destruídos por um incêndio em 1420, tendo sido o salão redecorado entre 1420 a 1425 com afrescos de Nicola Miretto com o tema “astrologia” (são 333 paineis, ilustrando os meses do ano, com deuses, signos do zodíaco e atividades de cada estação).




O salão impressiona pelo tamanho e também pela forma que o teto foi construído, sem divisão ou pilar, sendo, inclusive, considerado o maior salão pêncil do mundo. Neste salão existe um enorme cavalo de madeira, cópia de 1466 do monumento renascentista a Gattamelata (soldado mercenário que prestou importante serviço à República de Veneza), de Donatello.


Da sacada é possível ter uma vista completa das Piazza delle Erbe e Piazza della Frutta, já que o prédio fica exatamente entre elas. Nestas praças funcionavam, e ainda hoje funcionam, respectivamente feiras de frutas, verduras e flores, e feira de roupas (é isso mesmo....na praça Erbe, futas; e na praça Frutta, roupas....kkkk).

Vista da Piazza delle Erbe - das frutas.
No térreo funciona um mercado de alimentos, lojas, cafés e restaurantes. 



Na bilheteria do palazzo tem uma folha (xérox – bem artesanal), em italiano ou inglês, contando a história do local. Folder que é bom, nada....kkk

Horário:
Terça a Domingo: 9 às 18:30 h
Ingresso:
4 euros

Duomo e Batistério
O Duomo, Basilica Cattedrale di Santa Maria Assunta, foi construído em 1552, no mesmo local onde existiu uma igreja ergida em 313 e posteriormente, após um terremoto, reconstruída  no século XII. No século XVI, começou a ser reformada, por ser considerada muito modesta quando comparada com as duas outras basilicas da cidade, de Santo Antônio e de Santa Giustina, sendo parte do projeto de autoria de Michelangelo.


Ao lado da igreja, há um Battistero, datado do século XII, com domo e interior maravilhoso, totalmente decorado com afrescos de Giusto de´Menebuot, com episódios bíblicos: criação do mundo, os milagres de Cristo, sua crucificação e ressureição.

Não visitamos o local pois estava fechado – só abriria no final da tarde. Uma pena.

Horário:
Diariamente: 10 às 18 h (porém tinha um aviso na porta dizendo que o horário era a partir das 16 h)
Ingresso:
3 euros (duomo) e 2,50 euros (batistério) – não tenho certeza desses valores, apenas que a entrada é paga

Espero que ainda tenham fôlego, pois no próximo post iremos conhecer a maravilhosa Cappella degli Scrovegni.


Cheiros