quinta-feira, 28 de julho de 2016

Siena: bate e volta a partir de Florença

Saímos cedo de Florença com destino à Siena, para passar a manhã, e a tarde iríamos para San Gimignano. Siena é tão interessante que gastamos mais tempo que o previsto, o que atrapalhou a programação e terminamos não conhecendo San Gimignano (também nos confundimos em como ir de Siena para San Gimignano).

Aqui vale um parênteses para explicar como chegar a San Gimignano, pela forma tradicional, pois nos atrapalhamos com uma dica que recebi....kkk. San Gimignano fica próxima da cidade de Poggibonsi, onde está a estação de trem. Não tem estação de trem em San Gimignano. Em frente à estação tem um ponto de ônibus, de onde saem os ônibus para San Gimignano. O tíquete pode ser comprado na tabacaria dentro da própria estação de trem. Atentar para o letreiro de led, no ponto de ônibus, informando os horários destes ônibus. Essa é a maneira tradicional para conhecer esta cidadela, e se for primeiro para San Gimignano e depois para Siena, é este roteiro que deve ser seguido. Porém,................tinha lido num blog de viagens, que para ir de Siena direto para San Gimignano, não precisava pegar o trem para Poggibonsi e depois pegar o ônibus para San Gimignano, bastava ir a Piazza Antonio Gramnsci, em Siena, onde funciona uma espécie de terminal de ônibus, e pegar o ônibus 130 que iria direto para a entrada de San Gimignano (percurso de uns 40 minutos – seria mais rápido e prático do que a forma tradicional). E foi o que fizemos, mas não deu certo....kkkk...fomos bater no ponto de ônibus em frente à estação de trem Poggibonsi. Não sei se nosso inglês não foi entendido pelo atendente do terminal de ônibus, se o italiano dele não foi entendido por nós, se pegamos o ônibus errado, se a informação do blog estava errada, enfim só sei que não funcionou. E como já era final da tarde, teríamos pouquíssimo tempo para visitar a cidade, então resolvermos voltar para Florença e deixar San Gimignano para outra oportunidade. 

Parênteses fechado, vamos voltar a Siena. A estação de trem em Siena tem uma saída por dentro de uma galeria (tipo mini shopping) que dá acesso à escada rolante que leva até a parte alta da cidade – chegando lá, basta dobrar a esquerda na avenida Viale Vittorio Emanuele  II, andar um pouquinho, que já chega numa porta de acesso à parte histórica de Siena (Porta Camollia). Achei essa saída da estação de trem mal sinalizada, mas não dá para se perder não. Também não vi onde ficava o “Informações Turísticas” para pegar um mapinha da cidade, mas logo na saída da escada rolante tinha máquinas que vendiam mapas, então compramos na maquininha mesmo (1,50 euro).
Porta Camollia
Entramos na cidade, e já fiquei impressionada com a grandiosidade da porta de acesso – uma maravilha. Fomos andando, pelas ruas estreitas super bem conservadas, com destino à Piazza del Campo, mas já apreciando a arquitetura e beleza dessas ruas. A cidade transpira história por todos os lados.....linda demais. Depois da Piazza entramos no Palazzo Pubblico e por último visitamos o Duomo
Mercado Regionale

Chiesa di San Pietro alla Magione

Chiesa di San Cristoforo

Piazza Salimbeni

rua da cidade
O legal da cidade é ficar andando pelas ruas, sem destino certo, admirando os prédios e imaginando como era na sua época áurea, entre os anos 1260 e 1348. Cabe destacar a Loggia della Mercanzia, um espaço onde os mercadores de Siena negociavam seus produtos, em 1417, com lindas arcadas e afrescos no teto impressionantes. Só notamos o teto pois sentamos na calçada para tomar um gelatto e ao olharmos para cima demos de cara com essa beleza: pintura super bem preservada.

Loggia della Mercanzia

detalhe pintura no teto da Loggia della Mercanzia

Um bate-volta a partir de Florença é mais que suficiente para conhecer a cidade e suas atrações. Dá para combinar com San Gimignano, se tiver com a programação apertada, mas achei que Siena merecia um dia inteiro para ser “apreciada sem moderação”....kkkkk, mas aí vai de cada um, né?

Agora vamos aos detalhes dos locais visitados:

Piazza del Campo com Fonte Gaia
A Piazza del Campo é considerada a mais bonita praça da Itália, com seu formato de leque, em tijolos vermelhos. O local abrigou um fórum romano que depois foi transformado no principal mercado público da Siena antiga. A partir de 1293, o Conselho dos Nove – grupo que governava Siena – teve a ideia de construir no local uma enorme piazza cívica. Para isso, de 1327 a 1349, foi construída com a pavimentação em tijolos vermelhos, dividida em nove partes, separadas por tijolos brancos, representando o Conselho dos Nove, além de homenagear as dobras do manto da Virgem Maria.

detalhe do piso da praça
A praça então passou a ser o centro das atividades da cidade, era onde aconteciam as execuções, touradas e o famoso festival de Palio (que continua acontecendo até hoje nos dias 02 de julho e 16 de agosto). O Palio consiste numa corrida de cavalos em homenagem a Nossa Senhora, onde desfilam 17 cavalos com cavaleiros em trajes tradicionais carregando bandeiras que representam as 17 paróquias (contrade) da cidade. Depois do desfile, 10 cavalos são sorteados para participarem efetivamente da corrida e ganha aquele que chegar primeiro após 3 voltas ao redor da praça. O prêmio é o Palio (estandarte), criado exclusivamente para o evento.


Ao redor da praça estão belos palazzi medievais onde funcionam restaurantes, cafés, hoteis, bancos, etc. Na parte norte está a famosa Fonte Gaia, que nada mais é do que uma pequena fonte (na verdade é uma réplica, feita no século XIX, da original – que está na galeria atrás do Palazzo Pubblico) esculpida, entre 1409 e 1419, por Jacopo della Quercia, com as “Virtudes”, “Adão e Eva” e a “Madona e o Menino”.
foto da internet - Fonte Gaia


Palazzo Pubblico com Torre del Mangia
O palazzo construído de 1297 a 1310, em estilo gótico, para abrigar o Conselho dos Nove – grupo que governava Siena - e que continua sendo a sede da prefeitura, tem várias salas abertas ao público onde funcionam o Museo Civico da cidade. Foi construído em formato ligeiramente côncavo para contrastar com o formato convexo da Piazza del Campo.

No primeiro andar funciona o museu, dividido em salas:

- Sala del Risorgimento: com afrescos, de 1860, em homenagem aos grandes feitos do rei da Casa dos Saboia (Vittorio Emanuele II) para a unificação da Itália.

- Sala di Balia (também conhecida como Sala del Papa): com afrescos dos artistas Martino di Bartolomeo e Spinello Aretino, de 1407, no teto representando as “Virtudes” e nas paredes, a vida do Papa Alexandre III (nascido em Siena). Merece atenção o belo banco em madeira entalhada, de 1410.

- Cappela de´ Signori: capela decorada com afrescos que representam cenas da morte da Virgem Maria (morte, sepultamento e assunção) do artista Taddeo di Bartolo, pintados entre 1406 e 1407.

- Sala del Mappamondo (Sala do Mapa-Mundi): com enorme pintura, praticamente inexistente, de um mapa-mundi pintado por Ambrogio Lorenzetti. Nesta sala também está a bela pintura Maestá, representanto a Virgem e o Menino, com anjos e santos, de 1315, do artista Simone Martini. É considerada a obra mais antiga de Siena.

detalhe da pintura Maestá
- Sala della Pace (Sala da Paz): com vários afrescos do artista Ambrogio Lorenzetti, entre 1337 e 1339, conhecidos com “Effetti del Buono de del Cattivo Governo” (efeitos do bom e mau governo).

- Sala del Concistoro: onde os governantes se reuniam. O teto possui afrescos, do artista Beccafumi, pintados entre 1529 e 1535, representando as três virtudes para um bom governo: Justizia (justiça), Amor di Patria (amor à pátria) e Mutua Buennevolenza (benevolência mútua). Merece atenção o belo portal em mármore, de 1448.

No segundo andar estão a Sala del Consiglio Comunale, onde ocorrem as reuniões do Conselho da Cidade, e a Loggia, uma espécie de terraço coberto com bela vista de Siena.


A Torre del Mangia, com 102 m, é a segunda mais alta torre da Itália, perdendo apenas para a Torre da Catedral  de Cremona, com 112 m. Ela fica no pátio do Palazzo Pubblico e foi construída, entre 1338 e 1348, com a mesma altura da Catedral de Siena (numa demonstração de que Igreja e Estado tem a mesma importância), para abrigar o sino que servia para chamar os moradores para os comunicados importantes.

Não subimos a torre, pois achamos caro e também porque faltou coragem para encarar os 505 degraus. Porém imagino que a vista, lá de cima, deve ser fantástica.

Não tem folder, apenas uma folha de papel com informações básicas e um mapinha.

Site:
http://www.comune.siena.it
Horário:
Novembro a 15/Março (Inverno)
Museo Civico - Diariamente: 10 às 18 h
Torre - Diariamente: 10 às 16 h
16/Março a Outubro (verão)
Museo Civico - Diariamente: 10 às 19 h
Torre - Diariamente: 10 às 19 h
Ingresso:
9 euros (Museo Civico)
10 euros (Torre)

Duomo
A Catedral de Siena, dedicada à Santa Maria Assunta (Virgem Maria), uma das maiores da Itália, teve sua construção, entre 1220 e 1263, em estilo gótico-romântico, no local onde existia uma pequena igreja em homenagem a Maria, do século IX, e antes desta, um templo dedicado à Minerva.

A fachada, em mármore branco e preto (com detalhes em rosa), cores símbolo de Siena, em alusão às cores dos cavalos de Senius e Aschius, foi construída em duas etapas. A parte inferior, iniciada entre 1285 e 1297, em estilo romântico, com estátuas de profetas, filósofos e apóstolos, do arquiteto e escultor Giovanni Pisano, que na sua maioria são réplicas (as originais estão no Museo dell´Opera del Duomo). A parte superior da fachada só foi concluída, entre 1299 e 1317, pelo arquiteto Camaino di Crescentino, em estilo gótico. Essa diferença de estilos fica bem visível quando reparamos que a parte superior é bem mais decorada que a inferior. O belo vitral redondo, representanto a Última Ceia (visível pelo interior da catedral), fica cercado por bustos de 36 patriarcas e uma estátua da Madona com Menino. Os três mosaicos representando “A Apresentação da Virgem no Templo”, “A Coroação da Virgem” e “Natividade de Jesus” foram adicionados em 1878 por artistas venezianos. A porta central, em bronze, é recente, de 1958, representando a Glorificação da Virgem, do artista Enrico Manfrini.



A igreja, construída em formato de cruz latina, com três naves, toda revestida em mármore preto e branco é impressionante.  O piso é totalmente decorado, com 56 paineis de mosaico de mármore, executados entre 1369 e 1547, com cenas bíblicas, como o massacre dos inocentes, sacrifício de Issac, histórias de Jesus, além das Sibilas e suas Virtudes (Sibilas, no Antigo Testamento, eram virgens que tinham todo um ritual envolvido para representar as virtudes). Para preservação, o piso fica parcialmente coberto e protegido por cordas para os turistas não pisarem, ficando exposto completamente apenas dois meses no ano. Imagino que deve ser lindo de admirar.
Mosaico representando o "Massacre de Inocentes"
Na nave central existem pilares de mármore que sustentam o teto abobadado, pintado de azul com estrelas douradas. A cúpula, também pintada em azul com estrelas e anjos dourados é linda. Ao redor da neve central, no alto, há obras dos séculos XV e XVI, de bustos de 172 papas, de São Pedro a Lúcio III e, de 36 imperadores romanos, de Constantino a Teodósio.

detalhe do teto
Lindas as duas pias de água benta, em mármore branco, na entrada da igreja, do artista Antonio Federighi, esculpidas entre 1458 e 1467, uma representando a queda do homem pelo pecado original e a outra, sua salvação pela glória de Deus.

O púlpito, em formato octogonal, possui painéis esculpidos com cenas da vida de Cristo, do seu nascimento até o juízo final, do artista Nicola Pisano, esculpidos entre 1265 e 1268. Quatro colunas, das oito, estão apoiadas em enormes leões, com um significado que não lembro mais quais são...uÔ. Sorry....... Simplesmente impressionante....é de ficar “de boca aberta” imaginando como era possível esculpir tais peças, em mármore, com a perfeição de detalhes, naquele tempo.


O altar-mor, em mármore colorido, foi construído entre 1530 e 1541, em substituição ao anterior (obra Maestá, de Duccio, que encontra-se em exposição no Museo dell´Opera del Duomo), para dar destaque ao Cibório (cálice - que simbolicamente guarda o sangue e corpo de Cristo nas cerimônias religiosas) em bronze, do artista Vechhietta, esculpido entre 1467 e 1472, simbolizando o Corpo e Sangue de Jesus Cristo, ladeado por 4 anjos, também em bronze, de 1488 a 1490.


O belo vitral redondo, na parede atrás do altar-mor, com 5,6 m de diâmetro, do artista Duccio (uma réplica, o original também está no Museo dell´Opera del Duomo), executado entre 1287 e 1288, com cenas da Virgem Maria, dos quatro santos padroeiros de Siena e dos quatro Evengelistas.

Na lateral esquerda da igreja foi construída a Libreria Piccolomini (biblioteca) para abrigar os livros do Papa Pio II, a pedido do cardeal Francesco Tedeschini Piccolomini, que era seu sobrinho, e executada pelo pintor Pinturicchio, entre 1502 e 1508. Em 1503, o cardeal Francesco foi eleito papa, Papa Pio III, mas morreu logo em seguinda, porém a obra foi executada conforme suas orientações. É impressionante a beleza dos afrescos que cobrem todas as paredes, contando a vida do Papa Pio II, além do teto lindamente decorado. Mas gostei mesmo dos livros em exposição...enormes e ricamente decorados nas bordas.
detalhe dos afrescos nas paredes

livro em exposição
Em 1339 iniciou-se a construção de nova nave, que tornaria a Catedral a maior igreja cristã do mundo, porém não foi concluída por conta da peste de 1348 que matou mais da metade da população de Siena. Esta parte está inacabada, e uma pequena parte foi coberta para abrigar o museu.

O complexo, além da catedral, é formado pela cripta, batistério e museu. Tem também um Campanário, adicionado em 1313, onde já existia uma torre em ruínas, com 77 m de altura e seis sinos no topo.

Cripta – a cripta fica no subsolo – abaixo da cúpula da catedral – e só foi descoberta em 1999, durante obras de restauração na Catedral. Como ficou soterrada por vários séculos (provavelmente desde o século XIV), os afrescos estão bem preservados, com cores bem vívidas, representando cenas do Antigo Testamento e da Virgem Maria.


Batistério – o Battistero di San Giovanni fica na parte de trás da catedral, com fachada bem parecida com a da igreja, porém mais simples. O interior é interessante mas nada comparado com a catedral. Se o tempo estiver apertado, pode pular esta visita sem culpa.....kkkk. O batistério foi construído entre 1317 e 1325 pelo arquiteto Camaino di Crescentino, o mesmo da fachada superior da Catedral, e consiste numa área retangular dividida em três naves com uma enorme pia batismal ao centro, em formato hexagonal, em mármore, bronze e esmalte, esculpida entre 1417 e 1431. Entre os artistas está Donatello, responsável pelo relevo da Festa de Herodes com a entrega da cabela de João Batista, além das estátuas que representam a Fé e a Esperança. Mais uma vez, é de ficar “de boca aberta” com a qualidade do trabalho, a riqueza e perfeição dos detalhes.  As paredes e teto são cobertos com afrescos que representam os Apóstolos, cenas da vida de Jesus, o Credo e o Juízo Final. São pinturas bem bonitas e marcantes.

Museo dell´Opera del Duomo – museu, localizado na lateral da nave inacabada, que abriga as obras retiradas do Duomo, para preservá-las, como por exemplo: a pintura Maestá, de Duccio, pintada entre 1308 e 1311, com a Madona e Menino de um lado e cenas da vida de Cristo do outro; as estátuas da fachada de Giovanni Pisano; e o vitral redondo do altar mor, de Duccio. Merece atenção especial este vitral.....é simplesmente fantástico, de uma riqueza de cores maravilhosa.


Não vi folder, mas tem app no site para baixar e ajudar na visita (não usei, pois só descobri esta informação quando voltei....kkkk.....snif snif).

Site:
http://www.operaduomo.siena.it
Horário:
Segunda a Sábado: 10:30 às 19 h // Domingo: 13:30 às 17:30 h
Ingresso:
12 euros (dá direito a entrar no Duomo, Museo, Cripta e Battistero, durante 3 dias consecutivos - se comprar individualmente, gasta-se o dobro) 

Nossa próxima parada será em Pisa.

Cheiros

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Florença: parte 2

Mais um dia em Florença. A parte 1 pode ser lida aqui.

Outros locais que visitamos em Florença:

Piazza della Signoria
A Piazza della Signoria constitue o coração da vida social e política de Florença, bastante frequentada por turistas, pela beleza arquitetônica dos edifícios e também pelas inúmeras esculturas a céu aberto. Foi palco do parlamento, uma espécie de reunião pública onde a população era convocada pelas badaladas do sino, que ficava no alto do Palazzo Vecchio (sede do governo), que também servia para anunciar incêndios, enchentes e ataques inimigos. Também foi palco das execuçãos de Franceso Pazzi, em 1478, por conspirar para assassinar Lorenzo di Medici e seu irmão Giuliano, que acabou morrendo nesta tentativa de golpe, para tirar a família Medici do poder; e do líder religioso Girolamo Savonarola, em 1498, que era um padre dominicano que após entrar em conflito com a autoridade papal, foi excomungado em 1497 e entregue às autoridades para execução em 1498.

Destaque para a Fontana di Netuno (construída entre 1563 e 1565), do artista Bartolomeo Ammannati, onde o deus romano do mar é retratado cercado por ninfas marinhas e representa as vitórias navais da Toscana. Uma riqueza de detalhes impressionante.


Fontana di Netuno

Detalhe estátua Netuno - frente
Detalhe estátua Netuno - costas


Há também uma estátua de Hércules e Caco, do artista Baccio Bandinelli, representando um dos 12 trabalhos de Hércules, e uma estátua do duque Cosimo I, a cavalo, obra de Giambologna.
Hércules e Caco
Cosimo I
A estátua Davi, de Michelangelo, sinbolizando o triunfo sobre a tirania, é uma réplica. A estátua original ficou aqui na Piazza de 1504 até 1873, quando foi transferida para a Galleria dell´ Accademia.

Na praça estão o Palazzo Vecchio, que foi sede do governo, e a Loggia dei Lanzi, uma espécie de alojamento para os guardas-costas dos grão-duques da época. Várias esculturas estão em exposição na Loggia, com destaque para a escultura Ratto delle Sabine (Rapto da Sabina), de 1582, do artista Giambologna, representando um belo jovem oprimindo um velho e levando a força uma menina, que foi esculpido em um único bloco de mármore....uma coisa linda.....e, a escultura em bronze Perseu, de 1554, do artista Cellini, que retrata o semideus da mitologia grega, decapitando Medusa, representando um aviso para os inimigos de Cosimo I.
Palazzo Vecchio
Loggia dei Lanzi
Estátua "Ratto delle Sabine" 
Estátua "Perseu"



A praça é bem movimentada com muitos turistas admirando e tirando foto. Vale a pena gastar alguns minutos apreciando detalhadamente as esculturas e os edifícios ao redor, e claro, tirar muitas fotos.








Palazzo Vecchio
O Palazzo Vecchio (Palácio Velho), onde funciona a Prefeitura de Florença e um museu, foi construído, com projeto do arquiteto Arnolfo di Cambio, entre 1299 e 1322, para abrigar a sede do governo da República Florentina, com o nome de Palazzo della Signoria, mudando, posteriormente, para Palazzo dei Priori e Palazzo Ducale. Recebeu o nome atual, em 1565, quando a corte do grão-duque Cosimo I mudou-se para o novo Palazzo Pitti.

Neste período, em 1565, o arquiteto Giorgio Vasari, construiu, a mando do grão-duque Cosimo I, o chamado Corredor Vasariano, corredor que ligava o Palazzo Vecchio ao Palazzo Pitti, passando por cima da Ponte Vecchio, para que a família Medici pudesse circular entre o palácio do governo e sua residência sem se misturar com o “povão”.

O prédio é dividido em três andares com cornijas (faixas em destaque) separando cada um deles e duas grandes fileiras de janelas em estilo neogótico. No topo, um alpende é sustentado por vários arcos, onde logo abaixo estão pintados os brasões da República Florentina, e uma grande torre com 94 metros de altura, chamada de Torre Arnoldo. Em cima da porta de entrada há um painel decorativo em mármore (de 1528) com o Monograma de Cristo ao centro, ladeado por dois leões, onde estão inscritas as palavras “Rex Regum et Dominus Dominantium”, Jesus Cristo, Rei dos Reis e Senhor dos Senhores.

Não visitamos o espaço, apenas entramos no primeiro salão – chamado de “pátio de Vasari” – onde ao centro, em substituição ao antigo poço foi colocada uma fonte com a estátua em bronze Putto com Delfino (1476), de Verrocchio. A estátua original foi transferida, em 1959, para um terraço no segundo andar do palácio, ficando em seu lugar uma réplica.
Pátio de Vasari

Fonte "Putto com Delfino"

Horário:
Outubro a Março
Museu: Sexta a Quarta: 9 às 19 h // Quinta: 9 às 14 h
Torre: Sexta a Quarta: 10 às 17 h // Quinta: 10 às 14 h
Abril a Setembro
Museu: Sexta a Quarta: 9 às 23 h // Quinta: 9 às 14 h
Torre: Sexta a Quarta: 9 às 21 h // Quinta: 9 às 14 h
Ingresso:
Museu + Torre: 14 euros (se ingresso individual - 10 euros cada)

Uffizi
A Galleria degli Uffizi é considerada o maior museu de arte da Itália, tendo sido construída, com projeto de Vasari, entre 1560 e 1580, para abrigar os escritórios (uffizi) dos treze magistrados (altos funcionários do governo) do grã-duque Cosimo I, que ficavam espalhados por vários prédios em Florença. Fica ao lado do Palazzo Vecchio, que era a sede do governo na época (e também residência da família Medici – que mudou-se para o Palazzo Pitti em 1565). O prédio foi concluído na gestão de seu filho, o grão-duque Francesco I, que utilizou a galeria do último andar para expor os tesouros da família Medici, a partir de 1581. Com o fim da era Medici, no século XIX, a coleção de obras de arte foi dividida, com os objetos antigos indo para o Museo Arqueológico, as esculturas para o museu Bargello e apenas as pinturas ficando na Uffizi.

O prédio em formato de “U”, com colunas dóricas e várias arcadas para dar amplitude ao estreito pátio formado pelo prédio, sofreu alterações ao longo dos anos e, atualmente é dividido em várias salas que recebem o nome do artista de maior importância exposto, com obras de Leonardo da Vinci, Paolo Uccello, Rafael, Botticelli, Michelangelo, Tiziano, Caravaggio, Dürer e tantos outros.

Na fachada estão vinte e oito estátuas homenageando homens ilustres da Toscana, colocadas lá entre 1842 e 1856, como Leonardo da Vinci, Maquiavel, Donatello, Giotto, Pisano e outros.
Estátua de Pisano
Estátua de Maquiavel
Não visitamos esta galeria, então não posso avaliar se vale a pena ou não, porém o famoso quadro de Botticelli – O nascimento de Vênus – está aqui exposto, o que garante a qualidade do museu. O ingresso pode ser comprado pela internet, com agendamento de horário, com acréscimo de 4 euros, o que facilita a entrada, pois a fila é enorme.

Site:
http://www.uffizi.firenze.it
Horário:
Terça a Domingo: 8:15 às 18:50 h // Segunda: fechado
Ingresso:
8 euros

Ponte Vecchio
A Ponte Vecchio (Ponte Velha) foi construída em 1345, com projeto de Taddeo Gaddi – aluno de Giotto, no mesmo local onde existiram pontes anteriores, desde a época dos romanos, para travessia do Rio Arno. Inicialmente ocupada por ferreiros, açougueiros e curtidores de couro que jogavam muito lixo no rio e faziam muito barulho, o que desagradou bastante a vizinhança que conseguiu o apoio do grão-duque Ferdinando I para expulsá-los em 1593, substituindo por joalheiros e ourives.

A parte superior, chamada de Corredor Vasariano, foi construída em 1565, por Giorgio Vasari, a mando do grão-duque  Cosimo I, para que a família Medici pudesse circular entre o palácio do governo e sua residência (corredor que ligava desde o Palazzo Vecchio até o Palazzo Pitti passando por cima da Ponte Vecchio), sem se misturar com o “povão”.

Foi a única ponte que sobreviveu à Segunda Guerra, dizem que por uma ordem expressa de Hittler, e ainda hoje é tomada por antiquários e joalherias....cada loja mais linda que a outra...e os preços também acompanham a beleza das peças....super caras....kkkk...apenas cruzamos a ponte e olhamos as vitrines.....kkkk
Vista no meio da ponte

Palazzo Pitti
A construção do Palazzo Pitti foi iniciada pelo banqueiro Luca Pitti, com projeto do arquiteto Brunelleschi, em 1457, com a intenção de superar a família Medici na ostentação de riqueza e poder, apesar se serem famílias amigas. Com a falência do banqueiro, em 1464, o prédio ficou inacabado, sendo vendido para a família Medici, em 1549. Inicialmente, era utilizado para hospedar oficiais e algumas funções da corte, já que a residência oficial da família Medici era o Palazzo Vecchio.

O estilo robusto do prédio foi inspirado na arquitetura romana, com foco na segurança, com paredes muito grossas e pequenas janelas elevadas, o que deu um aspecto agressivo, porém moderno ao edifício. Foi bastante ampliado, entre os anos de 1557 e 1566, pelo arquiteto Bartolomeo Ammannati, a mando de Eleanora de Toledo, esposa do grão-duque Cosimo I, para em 1565, tornar-se a residência oficial da família Medici. Nesta mesma época, o terreno dos fundos foi adquirido para criar um grande jardim, Giardino di Boboli, que ficou ligado ao edifício principal, por uma espécie de pátio (cortile).







Com o fim da era Medici, com a morte, em 1737, do seu último representante homem, Gian Gastone de´Medici, e da sua irmã Ana Maria Luisa de´Medici, em 1743, o palácio passou para a família Lorena, que sucedeu a família Medici no governo de Florença. No século XIX serviu de base militar para Napoleão Bonaparte, e por um breve período como residência oficial dos Reis da Itália. No século XX foi doado ao povo italiano por Vittorio Emmanuele III, penúltimo rei da Itália, transformando-o em museu público.






Atualmente funciona como vários museus, num único local, para os incontáveis tesouros dos Medici, da família Lorena e outros quadros e objetos italianos: Galleria Palatina e Appartamenti Reali, Galleria d´Arte Moderna, Galleria del Costume, Museo degli Argenti, Museo delle Porcellane e Giardino di Boboli.
Corredor interno do palácio

Galleria Palatina – área com inúmeras obras de Botticelli, Tiziano, Perugino, Andrea del Sarto, Raffaello, Tintoretto, Veronese, Giorgione e Gentileschi. A galeria é dividida em 28 salas com mais de 500 obras sendo exibidas sem uma ordem cronológica.
Galleria del Poccetti

Sala de Prometeo

Retrato de "Donna Detta La Velata", de Raffaello

Appartamenti Reali – ao lado da Galleria Palatina ficam os aposentos reais, que serviram de residência para a família Medici, com adornos luxuosos e vários afrescos de artistas florentinos, além de inúmeros retratos dos Medici feitos pelo pintor flamengo Justus Sustermans, que trabalhou na corte de 1619 a 1681. A Sala do Trono é impressionante. Os quartos reais chamam a atenção pelo tamanho das camas: ô povo pequeno....kkkk.
Sala do Trono

Capela

Quarto da Rainha
Galleria d´Arte Moderna – localizada no segundo andar do palácio, formada por 30 salas com pinturas de artistas diversos de 1784 a 1924. Visitamos esta área rapidamente, pois com tanta obra prima para admirar na Galleria Palatina e no Appartamenti Reali, confesso que não quis ver arte moderna.....L L

Galleria del Costume – área inaugurada em 1983, com exposição de várias roupas, mostrando a mudança da moda na Itália do fim do século XVIII até a década de 1920.

Museo degli Argenti (Museu da Prata) – salas onde estão expostos vários objetos preciosos, como louças romanas, objetos de marfim, tapetes e cristais. Destaque para as jarras pietre dure (com pedras preciosas incrustadas) que pertenceram a Lorenzo, o Magnífico, e a coleção de joias da última representante da família Medici que viveu no palácio, Ana Maria Luisa.

Museo delle Porcellane – exposição de porcelanas de várias partes da Europa, que foram dadas de presente ás famílias Lorena e Savoy, num prédio localizado no Giardino di Boboli, o Cassino del Cavaliere, uma espécie de sala de aula e jogos da época da família Medici.

Giardino di Boboli – os jardins foram projetados após a compra do palácio, pela família Medici, em estilo renascentista. A parte mais próxima do palácio possui sebes bem podadas com padrões geométricos perfeitos. Também existem várias grutas, fontes e estátuas enfeitando o jardim.

E aqui demos a maior bobeira, pois nos atrapalhamos na compra do ingresso e compramos apenas o que dava acesso à Galleria Palatina com os Appartamenti Reali e a Galleria d´Arte Moderna, sem acesso aos jardins, e ás áreas das roupas, joias e porcelanas...pense numa raiva...Das janelas do palácio deu para perceber que o jardim é lindo. Mais um motivo para voltar à Itália....kkkkk

Horário:
Galleria Palatina e Galleria d´Arte Moderna: Terça a Domingo: 8:15 às 18:50 h // Segunda: fechado
Galleria del Costume, Museo degli Argenti, Museo delle Porcellane e Giardino di Boboli: Diariamente: 8:15 às 16:30 h (novembro a fevereiro) // 8:15 às 17:30 h (março) // 8:15 às 18:30 h (abril, maio, setembro e outubro) // 8:15 às 18:50 h (junho a agosto)
Ingresso:
Galleria Palatina + Galleria d´Arte Moderna: 13 euros
Galleria del Costume + Museu degli Argenti + Museo delle Porcellane + Giadrdino di Boboli + Giardino Barbine: 10 euros
Galleria del Costume + Museo degli Argenti + Musei delle Porcellane + Giardino di Bobolo: 7 euros

Basílica Santa Croce
A Basilica di Santa Croce (Santa Cruz) é uma igreja da ordem franciscana, construída entre 1294 e 1444, com projeto provavelmente atribuído a Arnolfo di Cambio, em estilo neo-gótico, no mesmo local onde existia uma pequena capela fransciscana. Sua fachada, revestida em mármore, nas cores branca, vermelha, verde e preta, só foi concluída entre 1857 e 1865, com projeto do arquiteto Niccolò Matas, ficando durante quatro séculos inacabada. A estrela de Davi, na parte superior da fachada, apesar de ser considerada como um símbolo cristão, dizem que, na verdade, foi uma homenagem à religião judaica do arquiteto. Os três paineis acima das portas, muito bonitos, representam a Lenda da Verdadeira Cruz (em referência a Santa Cruz que é homenageada no nome da igreja): o encontro da Cruz (do escultor Titto Sarrocchi), a exaltação da Cruz (do escultor Giovanni Duprè) e a visão de Constantino sobre a Cruz (do escultor Emilio Zocchi). A porta de entrada é enorme e simplesmente linda, toda em madeira trabalhada. O portal, em mármore, também é um riqueza de detalhes.




Do lado esquerdo da igreja, em 1865, foi colocado um monumento dedicado a Dante Alighieri, grande poeta, escritor e político italiano, do escultor Enrico Pazzi, em homenagem ao seu 500º aniversário de nascimento.

A igreja, inicialmente abrigou túmulos de pessoas comuns (comuns, porém ricas...kkkk) de Florença, que doavam grandes somas (utilizado na construção e decoração da igreja) para terem o direito de serem enterrados aqui (existem mais de 250 túmulos de mármore no piso da igreja) mas com o tempo passou a abrigar os monumentos fúnebres de florentinos ilustres, como arquitetos, pintores, escritores, historiadores e políticos importantes, o que a tornou conhecida como o “Panteão de Florença” (panteão = mausoléu de pessoas ilustres).
Um dos túmulos "comuns" no piso da igreja
A igreja é construída em formato de cruz egípcia (em formato de um T) com três naves, separadas por grandes colunas em formato octogonal, clara e simples (bem ao estilo franciscano), tendo nas paredes laterais vários afrescos e vitrais retratando a história de São Francisco de Assis – fundador da ordem franciscana.  No seu interior existem 16 capelas, na sua maioria decoradas com afrescos de Giotto e seus alunos, além de inúmeros monumentos fúnebres ricamente decorados. Uma das capelas é a Cappella Medici, simples, mas muito bonita, com um altar em terracota branca vitrificada ricamente trabalhada com a Madona e a Criança, anjos e santos.

Cappella Medici

Detalhe altar em terracota branca vitrificada representando a "Virgem com Jesus"
Vale mencionar os monumentos fúnebres de Michelangelo, com projeto do artista Vasari, com três esculturas (de artistas diversos) simbolizando a Pintura, a Escultura e a Arquitetura, tristes com a morte do grande mestre, além de um busto em sua homenagem; e de Galileo, com um busto em sua homenagem e duas esculturas simbolizando a Astronomia e a Geometria, impressionantes, além de Machiavelli, Ugo Foscolo, Lorenzo Bartolini, Leon Battista Alberti, e outros artistas ilustres, até mesmo Dante Alighieri, apesar dele estar enterrado em Ravenna, onde morreu (o túmulo aqui está vazio, apenas foi construído em sua homenagem).
Monumento fúnebre de Michelangelo
Monumento fúnebre de Galileo

Monumento fúnebre de Dante Alighieri
Do lado direito, da nave central, tem um púlpito maravilhoso, em formato octagonal, com cenas da vida de São Fancisco, esculpido entre 1481 e 1487, pelos artistas Benedetto e Giuliano da Maiano. Vale perder uns minutinhos admirando. É impressionante a riqueza dos detalhes.


O altar mor com lindos vitrais do artista Agnolo Gaddi, de 1380, retratam a história da Santa Cruz, e dão um lindo colorido ao espaço. A grande cruz acima do altar foi pintada pelo Maestro di Figline e a pintura principal do altar com a Madonna, ao centro, do artista  Niccolò Gerini, ladeada pelos Doutores da Igreja, dos artistas Giovanni del Biondo e outro artista desconhecido.

O complexo, além da Basilica, ainda abriga o Sotterranei, o Campanile, a Cappella Pazzi, o Chiostro e o Museo dell´Opera.

O Sotterranei foi a primeira parte da igreja a ser construída (uma espécie de porão), abaixo da área do transepto da igreja, para abrigar os diversos túmulos que a igreja recebia. Com a grande enchente de 1844, a área ficou inundada e deteriorada, apenas sendo restaurada no século XX.

O Campanile foi construído entre 1847 e 1865, com 78,45 m de altura, com projeto de Gaetano Baccani, em substituição à torre original que caiu em 1512.

A construção da Cappella Pazzi, na lateral da igreja, de frente para os jardins dos claustros, com projeto do arquiteto Filipo Brunelleschi, iniciada em 1422, ficou inacabada, pois a família Pazzi sofreu retaliações (exílio e morte) por ter participado da conspiração contra a famíla Medici.

O Chiostro (claustro) é dividido em duas áreas: o chamado Chiostro di Arnolfo e o Chiostro di Brunelleschi, por terem sido projetadas por estes arquitetos. Era onde funcionava o convento dos monges franciscanos. Dividindo os jardins, ficava o refeitório do convento, que atualmente abriga o Museo dell´Opera com exposição de afrescos, pinturas e vitrais, além do fantástico crucifixo gigante pintado por Cimabue, no século XIII.
Chiostro di Arnolfo
Visitamos rapidamente estas áreas, pois era final da tarde e o cansaço pegou de jeito......as pernas não respondiam mais...kkk...por isso não assimilei muito bem os detalhes do local, apenas confirmei que as pinturas e a arquitetura eram belíssimas.

Site:
http://www.santacroceopera.it
Horário:
Segunda a Sábado: 9:30 às 17 h // Domingo: 14 às 17 h
Ingresso:
6 euros

No próximo post, Siena.

Cheiros.