quinta-feira, 28 de julho de 2016

Siena: bate e volta a partir de Florença

Saímos cedo de Florença com destino à Siena, para passar a manhã, e a tarde iríamos para San Gimignano. Siena é tão interessante que gastamos mais tempo que o previsto, o que atrapalhou a programação e terminamos não conhecendo San Gimignano (também nos confundimos em como ir de Siena para San Gimignano).

Aqui vale um parênteses para explicar como chegar a San Gimignano, pela forma tradicional, pois nos atrapalhamos com uma dica que recebi....kkk. San Gimignano fica próxima da cidade de Poggibonsi, onde está a estação de trem. Não tem estação de trem em San Gimignano. Em frente à estação tem um ponto de ônibus, de onde saem os ônibus para San Gimignano. O tíquete pode ser comprado na tabacaria dentro da própria estação de trem. Atentar para o letreiro de led, no ponto de ônibus, informando os horários destes ônibus. Essa é a maneira tradicional para conhecer esta cidadela, e se for primeiro para San Gimignano e depois para Siena, é este roteiro que deve ser seguido. Porém,................tinha lido num blog de viagens, que para ir de Siena direto para San Gimignano, não precisava pegar o trem para Poggibonsi e depois pegar o ônibus para San Gimignano, bastava ir a Piazza Antonio Gramnsci, em Siena, onde funciona uma espécie de terminal de ônibus, e pegar o ônibus 130 que iria direto para a entrada de San Gimignano (percurso de uns 40 minutos – seria mais rápido e prático do que a forma tradicional). E foi o que fizemos, mas não deu certo....kkkk...fomos bater no ponto de ônibus em frente à estação de trem Poggibonsi. Não sei se nosso inglês não foi entendido pelo atendente do terminal de ônibus, se o italiano dele não foi entendido por nós, se pegamos o ônibus errado, se a informação do blog estava errada, enfim só sei que não funcionou. E como já era final da tarde, teríamos pouquíssimo tempo para visitar a cidade, então resolvermos voltar para Florença e deixar San Gimignano para outra oportunidade. 

Parênteses fechado, vamos voltar a Siena. A estação de trem em Siena tem uma saída por dentro de uma galeria (tipo mini shopping) que dá acesso à escada rolante que leva até a parte alta da cidade – chegando lá, basta dobrar a esquerda na avenida Viale Vittorio Emanuele  II, andar um pouquinho, que já chega numa porta de acesso à parte histórica de Siena (Porta Camollia). Achei essa saída da estação de trem mal sinalizada, mas não dá para se perder não. Também não vi onde ficava o “Informações Turísticas” para pegar um mapinha da cidade, mas logo na saída da escada rolante tinha máquinas que vendiam mapas, então compramos na maquininha mesmo (1,50 euro).
Porta Camollia
Entramos na cidade, e já fiquei impressionada com a grandiosidade da porta de acesso – uma maravilha. Fomos andando, pelas ruas estreitas super bem conservadas, com destino à Piazza del Campo, mas já apreciando a arquitetura e beleza dessas ruas. A cidade transpira história por todos os lados.....linda demais. Depois da Piazza entramos no Palazzo Pubblico e por último visitamos o Duomo
Mercado Regionale

Chiesa di San Pietro alla Magione

Chiesa di San Cristoforo

Piazza Salimbeni

rua da cidade
O legal da cidade é ficar andando pelas ruas, sem destino certo, admirando os prédios e imaginando como era na sua época áurea, entre os anos 1260 e 1348. Cabe destacar a Loggia della Mercanzia, um espaço onde os mercadores de Siena negociavam seus produtos, em 1417, com lindas arcadas e afrescos no teto impressionantes. Só notamos o teto pois sentamos na calçada para tomar um gelatto e ao olharmos para cima demos de cara com essa beleza: pintura super bem preservada.

Loggia della Mercanzia

detalhe pintura no teto da Loggia della Mercanzia

Um bate-volta a partir de Florença é mais que suficiente para conhecer a cidade e suas atrações. Dá para combinar com San Gimignano, se tiver com a programação apertada, mas achei que Siena merecia um dia inteiro para ser “apreciada sem moderação”....kkkkk, mas aí vai de cada um, né?

Agora vamos aos detalhes dos locais visitados:

Piazza del Campo com Fonte Gaia
A Piazza del Campo é considerada a mais bonita praça da Itália, com seu formato de leque, em tijolos vermelhos. O local abrigou um fórum romano que depois foi transformado no principal mercado público da Siena antiga. A partir de 1293, o Conselho dos Nove – grupo que governava Siena – teve a ideia de construir no local uma enorme piazza cívica. Para isso, de 1327 a 1349, foi construída com a pavimentação em tijolos vermelhos, dividida em nove partes, separadas por tijolos brancos, representando o Conselho dos Nove, além de homenagear as dobras do manto da Virgem Maria.

detalhe do piso da praça
A praça então passou a ser o centro das atividades da cidade, era onde aconteciam as execuções, touradas e o famoso festival de Palio (que continua acontecendo até hoje nos dias 02 de julho e 16 de agosto). O Palio consiste numa corrida de cavalos em homenagem a Nossa Senhora, onde desfilam 17 cavalos com cavaleiros em trajes tradicionais carregando bandeiras que representam as 17 paróquias (contrade) da cidade. Depois do desfile, 10 cavalos são sorteados para participarem efetivamente da corrida e ganha aquele que chegar primeiro após 3 voltas ao redor da praça. O prêmio é o Palio (estandarte), criado exclusivamente para o evento.


Ao redor da praça estão belos palazzi medievais onde funcionam restaurantes, cafés, hoteis, bancos, etc. Na parte norte está a famosa Fonte Gaia, que nada mais é do que uma pequena fonte (na verdade é uma réplica, feita no século XIX, da original – que está na galeria atrás do Palazzo Pubblico) esculpida, entre 1409 e 1419, por Jacopo della Quercia, com as “Virtudes”, “Adão e Eva” e a “Madona e o Menino”.
foto da internet - Fonte Gaia


Palazzo Pubblico com Torre del Mangia
O palazzo construído de 1297 a 1310, em estilo gótico, para abrigar o Conselho dos Nove – grupo que governava Siena - e que continua sendo a sede da prefeitura, tem várias salas abertas ao público onde funcionam o Museo Civico da cidade. Foi construído em formato ligeiramente côncavo para contrastar com o formato convexo da Piazza del Campo.

No primeiro andar funciona o museu, dividido em salas:

- Sala del Risorgimento: com afrescos, de 1860, em homenagem aos grandes feitos do rei da Casa dos Saboia (Vittorio Emanuele II) para a unificação da Itália.

- Sala di Balia (também conhecida como Sala del Papa): com afrescos dos artistas Martino di Bartolomeo e Spinello Aretino, de 1407, no teto representando as “Virtudes” e nas paredes, a vida do Papa Alexandre III (nascido em Siena). Merece atenção o belo banco em madeira entalhada, de 1410.

- Cappela de´ Signori: capela decorada com afrescos que representam cenas da morte da Virgem Maria (morte, sepultamento e assunção) do artista Taddeo di Bartolo, pintados entre 1406 e 1407.

- Sala del Mappamondo (Sala do Mapa-Mundi): com enorme pintura, praticamente inexistente, de um mapa-mundi pintado por Ambrogio Lorenzetti. Nesta sala também está a bela pintura Maestá, representanto a Virgem e o Menino, com anjos e santos, de 1315, do artista Simone Martini. É considerada a obra mais antiga de Siena.

detalhe da pintura Maestá
- Sala della Pace (Sala da Paz): com vários afrescos do artista Ambrogio Lorenzetti, entre 1337 e 1339, conhecidos com “Effetti del Buono de del Cattivo Governo” (efeitos do bom e mau governo).

- Sala del Concistoro: onde os governantes se reuniam. O teto possui afrescos, do artista Beccafumi, pintados entre 1529 e 1535, representando as três virtudes para um bom governo: Justizia (justiça), Amor di Patria (amor à pátria) e Mutua Buennevolenza (benevolência mútua). Merece atenção o belo portal em mármore, de 1448.

No segundo andar estão a Sala del Consiglio Comunale, onde ocorrem as reuniões do Conselho da Cidade, e a Loggia, uma espécie de terraço coberto com bela vista de Siena.


A Torre del Mangia, com 102 m, é a segunda mais alta torre da Itália, perdendo apenas para a Torre da Catedral  de Cremona, com 112 m. Ela fica no pátio do Palazzo Pubblico e foi construída, entre 1338 e 1348, com a mesma altura da Catedral de Siena (numa demonstração de que Igreja e Estado tem a mesma importância), para abrigar o sino que servia para chamar os moradores para os comunicados importantes.

Não subimos a torre, pois achamos caro e também porque faltou coragem para encarar os 505 degraus. Porém imagino que a vista, lá de cima, deve ser fantástica.

Não tem folder, apenas uma folha de papel com informações básicas e um mapinha.

Site:
http://www.comune.siena.it
Horário:
Novembro a 15/Março (Inverno)
Museo Civico - Diariamente: 10 às 18 h
Torre - Diariamente: 10 às 16 h
16/Março a Outubro (verão)
Museo Civico - Diariamente: 10 às 19 h
Torre - Diariamente: 10 às 19 h
Ingresso:
9 euros (Museo Civico)
10 euros (Torre)

Duomo
A Catedral de Siena, dedicada à Santa Maria Assunta (Virgem Maria), uma das maiores da Itália, teve sua construção, entre 1220 e 1263, em estilo gótico-romântico, no local onde existia uma pequena igreja em homenagem a Maria, do século IX, e antes desta, um templo dedicado à Minerva.

A fachada, em mármore branco e preto (com detalhes em rosa), cores símbolo de Siena, em alusão às cores dos cavalos de Senius e Aschius, foi construída em duas etapas. A parte inferior, iniciada entre 1285 e 1297, em estilo romântico, com estátuas de profetas, filósofos e apóstolos, do arquiteto e escultor Giovanni Pisano, que na sua maioria são réplicas (as originais estão no Museo dell´Opera del Duomo). A parte superior da fachada só foi concluída, entre 1299 e 1317, pelo arquiteto Camaino di Crescentino, em estilo gótico. Essa diferença de estilos fica bem visível quando reparamos que a parte superior é bem mais decorada que a inferior. O belo vitral redondo, representanto a Última Ceia (visível pelo interior da catedral), fica cercado por bustos de 36 patriarcas e uma estátua da Madona com Menino. Os três mosaicos representando “A Apresentação da Virgem no Templo”, “A Coroação da Virgem” e “Natividade de Jesus” foram adicionados em 1878 por artistas venezianos. A porta central, em bronze, é recente, de 1958, representando a Glorificação da Virgem, do artista Enrico Manfrini.



A igreja, construída em formato de cruz latina, com três naves, toda revestida em mármore preto e branco é impressionante.  O piso é totalmente decorado, com 56 paineis de mosaico de mármore, executados entre 1369 e 1547, com cenas bíblicas, como o massacre dos inocentes, sacrifício de Issac, histórias de Jesus, além das Sibilas e suas Virtudes (Sibilas, no Antigo Testamento, eram virgens que tinham todo um ritual envolvido para representar as virtudes). Para preservação, o piso fica parcialmente coberto e protegido por cordas para os turistas não pisarem, ficando exposto completamente apenas dois meses no ano. Imagino que deve ser lindo de admirar.
Mosaico representando o "Massacre de Inocentes"
Na nave central existem pilares de mármore que sustentam o teto abobadado, pintado de azul com estrelas douradas. A cúpula, também pintada em azul com estrelas e anjos dourados é linda. Ao redor da neve central, no alto, há obras dos séculos XV e XVI, de bustos de 172 papas, de São Pedro a Lúcio III e, de 36 imperadores romanos, de Constantino a Teodósio.

detalhe do teto
Lindas as duas pias de água benta, em mármore branco, na entrada da igreja, do artista Antonio Federighi, esculpidas entre 1458 e 1467, uma representando a queda do homem pelo pecado original e a outra, sua salvação pela glória de Deus.

O púlpito, em formato octogonal, possui painéis esculpidos com cenas da vida de Cristo, do seu nascimento até o juízo final, do artista Nicola Pisano, esculpidos entre 1265 e 1268. Quatro colunas, das oito, estão apoiadas em enormes leões, com um significado que não lembro mais quais são...uÔ. Sorry....... Simplesmente impressionante....é de ficar “de boca aberta” imaginando como era possível esculpir tais peças, em mármore, com a perfeição de detalhes, naquele tempo.


O altar-mor, em mármore colorido, foi construído entre 1530 e 1541, em substituição ao anterior (obra Maestá, de Duccio, que encontra-se em exposição no Museo dell´Opera del Duomo), para dar destaque ao Cibório (cálice - que simbolicamente guarda o sangue e corpo de Cristo nas cerimônias religiosas) em bronze, do artista Vechhietta, esculpido entre 1467 e 1472, simbolizando o Corpo e Sangue de Jesus Cristo, ladeado por 4 anjos, também em bronze, de 1488 a 1490.


O belo vitral redondo, na parede atrás do altar-mor, com 5,6 m de diâmetro, do artista Duccio (uma réplica, o original também está no Museo dell´Opera del Duomo), executado entre 1287 e 1288, com cenas da Virgem Maria, dos quatro santos padroeiros de Siena e dos quatro Evengelistas.

Na lateral esquerda da igreja foi construída a Libreria Piccolomini (biblioteca) para abrigar os livros do Papa Pio II, a pedido do cardeal Francesco Tedeschini Piccolomini, que era seu sobrinho, e executada pelo pintor Pinturicchio, entre 1502 e 1508. Em 1503, o cardeal Francesco foi eleito papa, Papa Pio III, mas morreu logo em seguinda, porém a obra foi executada conforme suas orientações. É impressionante a beleza dos afrescos que cobrem todas as paredes, contando a vida do Papa Pio II, além do teto lindamente decorado. Mas gostei mesmo dos livros em exposição...enormes e ricamente decorados nas bordas.
detalhe dos afrescos nas paredes

livro em exposição
Em 1339 iniciou-se a construção de nova nave, que tornaria a Catedral a maior igreja cristã do mundo, porém não foi concluída por conta da peste de 1348 que matou mais da metade da população de Siena. Esta parte está inacabada, e uma pequena parte foi coberta para abrigar o museu.

O complexo, além da catedral, é formado pela cripta, batistério e museu. Tem também um Campanário, adicionado em 1313, onde já existia uma torre em ruínas, com 77 m de altura e seis sinos no topo.

Cripta – a cripta fica no subsolo – abaixo da cúpula da catedral – e só foi descoberta em 1999, durante obras de restauração na Catedral. Como ficou soterrada por vários séculos (provavelmente desde o século XIV), os afrescos estão bem preservados, com cores bem vívidas, representando cenas do Antigo Testamento e da Virgem Maria.


Batistério – o Battistero di San Giovanni fica na parte de trás da catedral, com fachada bem parecida com a da igreja, porém mais simples. O interior é interessante mas nada comparado com a catedral. Se o tempo estiver apertado, pode pular esta visita sem culpa.....kkkk. O batistério foi construído entre 1317 e 1325 pelo arquiteto Camaino di Crescentino, o mesmo da fachada superior da Catedral, e consiste numa área retangular dividida em três naves com uma enorme pia batismal ao centro, em formato hexagonal, em mármore, bronze e esmalte, esculpida entre 1417 e 1431. Entre os artistas está Donatello, responsável pelo relevo da Festa de Herodes com a entrega da cabela de João Batista, além das estátuas que representam a Fé e a Esperança. Mais uma vez, é de ficar “de boca aberta” com a qualidade do trabalho, a riqueza e perfeição dos detalhes.  As paredes e teto são cobertos com afrescos que representam os Apóstolos, cenas da vida de Jesus, o Credo e o Juízo Final. São pinturas bem bonitas e marcantes.

Museo dell´Opera del Duomo – museu, localizado na lateral da nave inacabada, que abriga as obras retiradas do Duomo, para preservá-las, como por exemplo: a pintura Maestá, de Duccio, pintada entre 1308 e 1311, com a Madona e Menino de um lado e cenas da vida de Cristo do outro; as estátuas da fachada de Giovanni Pisano; e o vitral redondo do altar mor, de Duccio. Merece atenção especial este vitral.....é simplesmente fantástico, de uma riqueza de cores maravilhosa.


Não vi folder, mas tem app no site para baixar e ajudar na visita (não usei, pois só descobri esta informação quando voltei....kkkk.....snif snif).

Site:
http://www.operaduomo.siena.it
Horário:
Segunda a Sábado: 10:30 às 19 h // Domingo: 13:30 às 17:30 h
Ingresso:
12 euros (dá direito a entrar no Duomo, Museo, Cripta e Battistero, durante 3 dias consecutivos - se comprar individualmente, gasta-se o dobro) 

Nossa próxima parada será em Pisa.

Cheiros

Nenhum comentário:

Postar um comentário